UE não tem interesse em Rússia “isolada, frágil ou desestabilizada”
Roma, 25 mai (EFE).- A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, disse nesta segunda-feira que a EU não quer uma Rússia “isolada, frágil ou desestabilizada” e defendeu a parceria com este país, “o que recentemente deu resultados inimagináveis”.
“Uma Rússia isolada, frágil e desestabilizada não está entre nossos interesses. Em muitos aspectos nossos interesses convergem. Em alguma ocasião recente, a cooperação entre Europa, Rússia e outros atores internacionais deu resultados antes inimagináveis”, disse a alta representante comunitária.
Mogherini apontou que junto com a Rússia há “trabalhado durante anos para construir cooperação onde antes, ao término da Guerra Fria, havia competição e confronto”.
Neste sentido assinalou, por exemplo, o acordo preliminar sobre a questão nuclear iraniana, alcançado em abril, e o desmantelamento do arsenal químico sírio no ano passado.
“Juntos estamos trabalhando, com nossos parceiros árabes e os Estados Unidos, para impulsionar o processo de paz no Oriente Médio”, apontou a chefe da diplomacia da União Europeia.
A alta representante comunitária disse não ter dúvidas sobre o valor da cooperação e assinalou que “entre os valores nos quais se baseia nossa União está a busca do diálogo e da diplomacia como via principal para a solução das crises”.
“A mentalidade de blocos não pertence à Europa. As bandeiras do Risk (jogo de mesa sobre estratégias militares) deixamos para os jogos de crianças. A política internacional é outra coisa bem diferente”, reivindicou.
Mogherini fez estes comentários ao receber hoje em Roma o prêmio Ispi 2014, dado a “personalidades que contribuíram para reforçar a imagem da Itália no mundo”.
No ato, Mogherini leu um discurso intitulado “Os desafios nos confins da Europa: como promover a política externa e a segurança comum?”.
Além de falar da Rússia e de outros fenômenos como a imigração, ela também abordou o cenário apresentado pelos jihadistas do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que controlam vastas extensões dos dois lados da fronteira entre Síria e Iraque.
Para ela a resposta militar, como a exercida pela coalizão internacional, é “necessária, mas não suficiente” para frear seu projeto de conquista territorial, um plano que une “uma ideologia perversa e apocalíptica com a vontade de controlar imensos recursos econômicos”.
“Um projeto de destruição que usa a religião – uma nobre religião – para assassinar seus próprios fiéis em uma banal e cruel luta de poder”, apontou.
Segundo Mogherini, o Estado Islâmico será derrotado “só enfrentando as profundas causas que provocaram seu surgimento”, se o Iraque se transformar em “um país sólido e democrático e se a Síria finalmente fazer uma transição política e sua reconciliação”. EFE
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