UE se mostra dividida sobre plano de distribuição de refugiados

  • Por Agencia EFE
  • 14/09/2015 15h40

Bruxelas, 14 set (EFE).- Os ministros europeus de Interior se mostraram muito divididos nesta segunda-feira sobre a proposta da Comissão Europeia de distribuir em dois anos 120 mil refugiados, que chegaram principalmente a Hungria, Grécia e Itália, durante um encontro extraordinário realizado em Bruxelas.

A secretária de Estado britânica, Theresa May, reiterou que o Reino Unido não participará do sistema de realocação de solicitantes de asilo da UE, mas destacou que, desde o começo da crise síria, aceitou mais de cinco mil refugiados e prevê receber 20 mil sírios diretamente de acampamentos da região.

“Pensamos que as cotas não são a solução”, disse o ministro do Interior da Eslováquia, Robert Kalinak, que se mostrou a favor de ajudar não só a Grécia e a Itália, mas também Alemanha e Áustria, que são os países para onde a maioria dos refugiados quer ir.

O ministro de Interior da Itália, Angelino Alfano, disse estar convencido de que a União Europeia “estará mais segura se seus países forem solidários entre si”.

Ele ressaltou que a UE precisa trabalhar na realocação de refugiados, mas também nas repatriações de pessoas que não obtiverem direito ao asilo, o que, segundo ele, deve ser uma responsabilidade da agência de fronteiras, Frontex, com fundos comunitários, porque “é uma responsabilidade europeia”.

O ministro de Imigração da Holanda, Klaas Dijhoff, disse que a proposta de Bruxelas não é mais do que um alívio de curto prazo, mas não uma solução, e destacou que para seu país é importante que este trabalho seja combinado com uma resposta de longo prazo.

Sobre a decisão da Alemanha de reintroduzir os controles em sua fronteira com a Áustria, Dijhoff disse que a Holanda não fará o mesmo, mas aumentará as patrulhas nas fronteiras.

A ministra de Justiça da Irlanda, Frances Fitzgerald, estava confiante sobre a possibilidade alcançarem hoje um acordo político sobre a distribuição dos 120 mil refugiados, embora tenha reconhecido que a situação é difícil e diferente em cada país, e adiantado que hoje não debaterão se esta será uma medida obrigatória ou voluntária, nem a cota por países.

A Irlanda, apesar de gozar do direito de não participação, reconhecido pelos tratados comunitários, está disposta a participar do acolhimento de refugiados e a receber até quatro mil pessoas (incluídos os compromissos de julho).

Morgan Johansson, ministro de Justiça e Migração da Suécia, expressou a esperança de a UE confirmar a realocação de 120 mil refugiados, que se somarão aos 40 mil já acordados, e disse apostar em um sistema obrigatório e ordenado.

“Precisamos compartilhar esta responsabilidade com solidariedade”, ressaltou, ao destacar que deseja a imposição de cotas obrigatórias.

O titular de Imigração de Luxemburgo, Jean Asselborn, cujo país preside a UE neste semestre, insistiu na necessidade de uma resposta europeia e pediu que, “além de filosofar, a União dê hoje passos concretos”.

Ele insistiu que “ninguém” tem o direito de ficar fora da distribuição, e advertiu que se a UE não tomar decisões, outros países seguirão o exemplo da Alemanha e da Áustria e “haverá caos no sistema de Schengen, o que acabará com uma das maiores conquistas” da Europa.

A ministra de Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner, afirmou que seu país reintroduzirá “em poucas horas” controles fronteiriços temporários diante da chegada em massa de refugiados.

Por sua vez, o ministro grego de Política Migratória, Ioannis Mouzalas, disse que seu país tenta assumir sua responsabilidade, também no registro dos refugiados, mas insistiu que cabe a Europa mostrar mais solidariedade.

Para a Bélgica, “não está na ordem do dia agora” fechar suas fronteiras, afirmou o secretário de Estado de Asilo e Migração, Theo Francken, que lembrou que “claro que haverá um acompanhamento permanente da situação”.

A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, disse querer na sessão extraordinária de hoje “compartilhar com os ministros de Interior a unidade, o consenso que temos sobre a parte das Relações Exteriores de nossa agenda”. EFE

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