UKIP rompe bipartidarismo britânico pela primeira vez em um século

  • Por Agencia EFE
  • 26/05/2014 15h15
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Patricia Souza.

Londres, 26 mai (EFE).- O populista e eurocético Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), de Nigel Farage, confirmou nesta segunda-feira a vitória nas eleições europeias, que pela primeira vez em um século quebraram o tradicional bipartidarismo britânico.

Com um 27,5% dos votos, esta é a primeira vez desde 1906 que nem o Partido Conservador ou o Partido Trabalhista vence uma eleição no Reino Unido.

Exultante, Farage, um ex-conservador cuja principal reivindicação é que o Reino Unido abandone a União Europeia (UE), disse que seu partido tirou votos de todos os grandes partidos, o que segundo ele terá “profundas consequências para seus líderes”.

Farage afirmou ainda que pretende se transformar em “árbitro político” nas eleições de maio de 2015.

Diante de um enorme cartaz no qual se lia “O Exército do povo”, Farage, até agora sem representação na câmara dos Comuns, defendeu a convocação imediata de um referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE, algo que o primeiro-ministro britânica, David Cameron, prometeu para 2017.

Faltando definir três representantes norte-irlandeses de um total de 73 cadeiras que os britânicos têm direito na Eurocâmara, a UKIP soma 24 eurodeputados (11 a mais do que em 2009), seguido pelo Partido Trabalhista, com 20 (sete a mais) e 25,40% dos votos, e os conservadores, com 19 cadeiras (sete a menos) e 23,93%.

A apenas um ano das eleições gerais, o Partido Trabalhista, de Ed Miliband, não consegue decolar apesar de ter avançado 10%, e surpreendentemente os conservadores de Cameron, apesar da terceira colocação, estão logo atrás, com 3,80% a menos do que nas eleições de 2009.

O maior fracasso foi do Partido Liberal-Democrata, do vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, que obteve apenas 6,87% dos votos -pior registro em 25 anos- o que representa apenas uma cadeira no parlamento europeu, frente a onze que tinha em 2009.

Além disso, o partido é apenas o quinto mais votado, atrás dos verdes, que obtiveram 7,87% três eurodeputados. O Partido Nacionalista Escocês (SNP) ficou logo atrás, com 2,46%, mas que no entanto alcança uma maior representação na Eurocâmara com duas cadeiras.

Diante dos pedidos de renúncia nas fileiras liberais-democratas, Clegg disse hoje que não renunciará porque sua intenção é “acabar o trabalho” para o qual se comprometeu em 2010, quando começou a governar com Cameron, apesar de ter admitido que o resultado eleitoral é “doloroso”.

“Me sinto muito orgulhoso de liderar o partido mais unido, mais resistente e mais duro da política britânica”, disse Clegg, que pode ter perdido apoio devido aos dois debates que manteve com Farage sobre as eleições europeias.

Após menosprezar o UKIP durante a campanha, os líderes dos principais partidos britânicos atribuíram a um voto de protesto os resultados e concordaram que, para as eleições gerais, a formação de Farage não oferece soluções pois carece de políticas concretas, além de seu ideário anti-imigração e antieuropeu.

“Os cidadãos estão profundamente desiludidos com a União Europeia”, admitiu Cameron, quem disse ter “recebido e compreendido” a mensagem dos britânicos de que “querem uma mudança”.

Miliband, que também falou do “voto descontente” a favor do UKIP, defendeu no entanto os resultados obtidos por seu partido, apesar de sua campanha ter sido questionada por ignorar o referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE.

“Estamos em uma posição na qual podemos ganhar as eleições gerais” de 2015, garantiu o líder trabalhista. EFE

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