Último líder soviético, Gorbachev critica EUA por “provocar rixas na Europa”

  • Por Agencia EFE
  • 26/09/2014 05h15
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Moscou, 26 set (EFE).- O último dirigente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, criticou os Estados Unidos e seu presidente, Barack Obama, por identificar a Rússia como uma das principais ameaças para a segurança mundial e “provocar rixas na Europa” a fim de impulsionar sua própria supremacia.

“O principal vírus (no mundo) é a América (EUA) e suas pretensões de liderança. (O discurso dos EUA) não é diálogo político, mas bronca. Seu objetivo é causar dano, provocar, e o mais importante, não deixar que acabem as rixas na Europa”, disse Gorbachev nesta sexta-feira à emissora de rádio “Serviço Russo de Notícias”.

O homem que mais contribuiu para o final da Guerra Fria, junto com o então presidente americano, Ronald Reagan, respondeu assim ao discurso de Obama na Assembleia Geral da ONU, na qual o presidente dos Estados Unidos identificou a Rússia, o ebola e o extremismo islâmico como as principais ameaças para o mundo.

“O que acontece é que têm pretensão ao monopólio. Ucrânia e outros assuntos são apenas pretextos”, comentou Gorbachev, que esteve à frente da URSS desde 1985 até seu desaparecimento no final de 1991.

Por outro lado e apesar da atual tensão nas relações entre Rússia e Ocidente, sem precedentes desde a queda da URSS, Gorbachev não acredita que o mundo se encontre à beira de uma nova Guerra Fria.

“Não há Guerra Fria ainda, mas se percebem seus indícios. Não precisamos de uma Guerra Fria, é algo que dura décadas. Estou a favor da normalização da situação”, declarou, lembrando que durante sua etapa à frente da União Soviética foi difícil mudar o rumo das relações com os EUA.

“Também foi difícil para nossos cidadãos, que pensavam que não encontraríamos pontos em comum com eles. Mas os Estados Unidos são um grande país e devemos ter boas relações”, ressaltou Gorbachev.

Apesar de suas reiteradas críticas ao presidente russo, Vladimir Putin, e à política do Kremlin durante os últimos anos, Gorbachev apoiou desde o princípio a reunificação da Crimeia com a Rússia e a postura adotada em relação ao conflito na Ucrânia pelas autoridades do país.

“Não podemos perder a cabeça. Somos uma nação forte, temos em que nos apoiar”, concluiu o último secretário-geral do Partido Comunista soviético. EFE

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