Último prisioneiro da Praça da Paz Celestial será libertado em 2017
Pequim, 17 jun (EFE).- Miao Deshun, a última pessoa que ainda está na prisão na China por participar dos protestos democráticos da Praça da Paz Celestial em 1989, será libertado em setembro de 2017, depois de as autoridades reduzirem sua pena em um ano, confirmou nesta quarta-feira a organização Dui Hua.
Em um de seus comunicados mensais, a organização em defesa dos presos na China confirmou a redução da pena, mas não detalhou o motivo desta decisão nem o dia exato da libertação de Miao ou do estado em que se encontra.
“Quando Miao for liberado, terá passado mais tempo na prisão do que viveu como um homem livre”, denunciou Dui Hua.
Miao, que trabalhava em uma fábrica, tinha apenas 25 anos quando foi preso junto com outros quatro amigos em 4 de setembro, pouco depois de o exército invadir com tanques as ruas de Pequim e acabar à força com quase sete semanas de manifestações a favor da democracia.
Sua detenção aconteceu depois das centenas – ou milhares, segundo algumas fontes – de mortes de estudantes e grevistas operários que tinham se reunido na emblemática Praça da Paz Celestial para pedir reformas democráticas ao regime, e o fim da corrupção galopante.
Após enfrentar, junto com outros trabalhadores, o exército, o jovem foi acusado de “incêndio provocado” por lançar uma bomba caseira contra um blindado em chamas.
O regime o condenou à morte, mas sua execução foi suspensa várias vezes e, finalmente, sua pena comutada.
Apesar de muitos dos condenados terem recebido penas de morte ou de prisão perpétua, as autoridades acabaram reduzindo-as, e, com o passar do tempo, os milhares de presos foram postos em liberdade, segundo organizações de direitos humanos.
Do total, menos de cem pessoas foram executadas.
Um ex-companheiro de cela de Miao contou à Agência Efe que o prisioneiro sempre mostrou uma atitude combativa na prisão, motivo pelo qual a ONG Defensores Chineses dos Direitos Humanos (CHRD) acredita que ainda não foi libertado.
Segundo a CHRD, seu enfrentamento com as autoridades o levou a ser transferido de prisão até três vezes nestes anos e inclusive a ser internado em um hospital psiquiátrico, a última parada que puderam confirmar.
Enquanto Miao, de 51 anos, segue na prisão, as autoridades ainda controlam de perto sua irmã em Pequim, segundo um amigo próximo da família. EFE
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