Um mês depois e em menor número, novos protestos contra Dilma tomam as ruas

  • Por Agencia EFE
  • 12/04/2015 20h30

Rio de Janeiro, 12 abr (EFE).- Milhares de brasileiros voltaram às ruas neste domingo para protestar em várias cidades do país contra a corrupção e para exigir a saída da presidente Dilma Rousseff, cuja popularidade está em níveis mínimos apesar de ter chegado apenas ao 102º dia de seu segundo mandato.

Os protestos foram convocados nas redes sociais pelos mesmos movimentos que se dizem independentes dos partidos políticos e que em 15 de março conseguiram reunir cerca de dois milhões de manifestantes em dezenas de cidades.

O número de manifestantes neste domingo, no entanto, foi muito inferior ao do mês passado, o que foi minimizado pelos organizadores e ignorado pelo governo, que nesta oportunidade se absteve de alinhar ministros para dar respostas.

Em São Paulo, um dos principais redutos da oposição e que no mês passado registrou um histórico protesto com cerca de um milhão de pessoas, a passeata de hoje reuniu 275.000 manifestantes, um quarto do número de março, segundo o primeiro cálculo divulgado pela polícia.

Em Brasília o número de manifestantes caiu dos 50.000 contabilizados pelas autoridades em 15 de março para os cerca de 25.000 que, segundo a polícia, marcharam hoje pela Esplanada dos Ministérios.

Já no Rio de Janeiro o número caiu dos 100.000 anunciados pelos organizadores há um mês aos 12.000 que se manifestaram hoje na praia de Copacabana, e em Belo Horizonte dos 20.000 de 15 de março para 5.000 que a polícia calculou neste domingo na Praça da Liberdade.

“A questão não é o número de pessoas. Menos gente nas ruas não significa menor insatisfação; ao contrário, pode até significar um aumento da desesperança, o represamento de uma revolta que pode retornar mais forte depois de algum tempo”, afirmou em seu blog Marina Silva, terceira candidata mais votada nas duas últimas eleições presidenciais.

Os organizadores dos protestos admitiram a redução do número de convocados, mas advertiram que até as pesquisas mostram que a insatisfação continua crescendo e a aprovação do governo segue em baixa.

Segundo uma pesquisa divulgada ontem pelo Datafolha, 75% dos brasileiros aprova os protestos e 63% apoia que o Congresso abra um julgamento político visando à destituição de Dilma, cujo índice de aprovação continua nos 13% que tinha em março – o menor desde que assumiu -, por sua suposta responsabilidade no escândalo de corrupção da Petrobras.

Os protestos foram convocados na internet por grupos sem vínculo político como o Movimento Vem pra Rua Brasil, Revoltados Online e Movimento Brasil Livre, mas a oposição rapidamente os apoiou e reforçou o discurso pela renúncia ou um julgamento político contra a chefe de Estado.

Em todos os protestos os manifestantes marcharam vestindo camisas com as cores da bandeira nacional, em sua maioria da seleção de futebol, e carregando cartazes nos quais expressavam suas reivindicações.

“Fora Dilma”, “Fim da corrupção” e “Fora PT” eram os cartazes – e os gritos – que se repetiam em todas as cidades, embora não faltassem reivindicações regionais e de grupos específicos, como professores e sindicalistas.

Os manifestantes, muitos usando apitos ou batendo panelas, marcharam em clima de paz em cidades que fecharam suas principais avenidas e que reforçaram a presença policial para evitar incidentes.

Mesmo assim, em algumas cidades foram registrados incidentes entre os manifestantes e alguns grupos minoritários que defendiam uma intervenção militar. EFE

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