Unasul completa 8 anos de conquistas e desafios na integração sul-americana

  • Por Agencia EFE
  • 17/04/2015 21h52
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Quito, 17 abr (EFE).- A União de Nações Sul-Americanas (Unasul), criada em 17 de abril de 2007, completou oito anos de existência nesta sexta-feira com a criação de sua Escola de Defesa, uma unidade de apoio eleitoral e o desafio de potencializar a integração dos 12 países que integram o bloco.

Seu oitavo aniversário foi celebrado na sede de sua Secretaria Geral, localizada na cidadela Mitad del Mundo, ao norte de Quito, com uma série de atos dos quais participaram autoridades das doze nações.

O secretário-geral da União, o ex-presidente colombiano Ernesto Samper, e o presidente do Equador, Rafael Correa, lideraram uma reunião especial no Salão de Presidentes, que concluiu com a apresentação de um coral de crianças que interpretou “Todas las voces, todas”, canção símbolo da Unasul.

Como parte dos atos, foi inaugurada a Escola Sul-Americana de Defesa, que será dirigida pelo brasileiro Antonio Ramalho, e que tem como objetivo formar civis e militares em conteúdos que tenham como eixo principal o fator humano e a formação cidadã.

Além disso, o Conselho Eleitoral de Unasul criou uma unidade técnica de apoio ao pleitos realizados na região e que não descarta expandir sua colaboração a países africanos.

Na sessão central dos atos pelo aniversário da Unasul, o presidente equatoriano pronunciou um discurso no qual qualificou como conquistas atuais justamente a criação da Escola de Defesa e da Unidade Técnica de Apoio Eleitoral.

Correa disse que esses são avanços que são colhidos após oito anos de criação da União, em cujo início, acrescentou, contou com colaborações fundamentais de personagens da política regional como os falecidos ex-presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina), assim como do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes que o bloco fosse criado, na região se vivia “um suposto consenso de Washington, que destruiu e fez muito dano a nossas economias e sociedades”, afirmou Correa, ressaltando que agora os sul-americanos “militamos em um verdadeiro consenso latino-americano”.

Na atualidade, prosseguiu, “podemos afirmar sem vacilações que a integração sul-americana avança inexoravelmente” e disse que uma amostra disso é a inauguração da Escola de Defesa.

Esse centro “se constitui em uma alternativa indispensável à sinistra Escola das Américas (dos EUA)”, que “formou milhares de militares que cegaram a vida de centenas de milhares de cidadãos latino-americanos”, comentou Correa.

Além disso, disse que chegou a hora de que a América do Sul gere um “pensamento estratégico” próprio que “respeite as vontades soberanas e as peculiaridades dos países da região”.

O presidente equatoriano destacou também a criação da Unidade de Apoio Eleitoral, porque “fortalecerá a observação e o acompanhamento dos processos eleitorais na região”.

Segundo Correa, com essa instituição também se deixará para trás o sistema pelo qual observadores estrangeiros eram os que julgavam “se nos comportávamos bem nas eleições”.

“Voltaremos, pelo menos no Equador, a aceitar essas missões de observadores, por exemplo da União Europeia, quando a UE também tiver missões de observadores da América do Sul”, afirmou.

Apesar dos avanços do bloco, ainda “temos muitíssimas tarefas pendentes”, lembrou o governante equatoriano, que voltou a sugerir reformas nos estatutos de Unasul, sobretudo aquela que estabelece que as decisões devem ser adotadas por consenso dos 12 países.

“Às vezes representa um obstáculo isto da tomada de decisões por unanimidade”, acrescentou, após sugerir que também se outorgue um maior peso à figura do secretário-geral da União.

“Há tanto por fazer, mas é imensa a potencialidade que temos integrados”, acrescentou Correa, que também sugeriu aprofundar alianças estratégicas com blocos como o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), a Liga Árabe e com os países africanos.

“A irmanação dos países sul-americanos é sem dúvida histórica, a consolidação de uma institucionalidade e a implementação de agendas soberanas têm um norte claríssimo (…): Nosso norte é o sul”, concluiu Correa. EFE

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