Unasul rejeita iniciativa dos EUA para sancionar funcionários venezuelanos
Puerto Ayora (Equador), 23 mai (EFE).- A União das Nações Sul-americanas (Unasul) rejeitou nesta sexta-feira uma iniciativa legislativa que tramita no Congresso dos Estados Unidos para sancionar funcionários da Venezuela por causa da violência nos protestos que acontecem no país sul-americano desde fevereiro.
Chanceleres e funcionários do bloco reunidos nas ilhas Galápagos, no Equador, assinaram um comunicado opinando que as sanções são violações do princípio da não intervenção em assuntos de outros Estados e afetam o processo de diálogo entre o governo e a oposição venezuelana.
Além disso, são “obstáculos” para que o povo venezuelano “possa superar suas dificuldades com independência, em paz e em um ambiente democrático”, disseram os ministros das Relações Exteriores.
A resolução foi assinada durante uma reunião de chanceleres da Unasul realizada ontem e hoje, depois que os ministros receberam um relatório da comissão designada por essa organização internacional para acompanhar o processo de diálogo, integrada pelos ministros do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo; do Equador, Ricardo Patiño, e Colômbia, María Ángela Holguín.
O chanceler venezuelano, Elías Jaua, afirmou que a iniciativa foi aprovada pelo Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA para sancionar “funcionários que estiveram à frente da restituição da ordem pública e da garantia de paz e estabilidade para o povo venezuelano” que, desde fevereiro vive uma onda de protestos em que já morreram mais de 40 pessoas.
Entre eles estão funcionários militares e policiais, governadores de estados venezuelanos e a procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, disse Jaua durante uma entrevista coletiva realizada no final da reunião ministerial.
O ministro disse que a iniciativa americana prevê também o financiamento, com cerca de US$ 15 milhões, de grupos opositores venezuelanos, sem considerar “se (estes) exercem a política de forma pacífica” ou atuam de forma violenta.
A Venezuela rejeita essa medida porque nem o governo, nem o Senado dos Estados Unidos têm competência para legislar além das fronteiras americanas “e, por isso, louvamos a rejeição dessas iniciativas legislativas”, declarou Jaua.
O chanceler também entregou aos representantes dos demais países uma carta do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, na qual propõe a realização de uma cúpula com os chefes de Estado da organização, “o mais breve possível”, para tratar “das ameaças contra a institucionalidade e contra a paz e a estabilidade do povo venezuelano”. EFE
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