União deve perder R$ 7 bilhões com crescimento menor

  • Por Estadão Conteúdo
  • 15/11/2016 10h45
Cédulas de Dólar Marcos Santos/USP Imagens Marcos Santos/USP Imagens dinheiro e calculadora

O menor crescimento da economia brasileira em 2017, já tratado como realidade pela equipe econômica, deve reduzir em pelo menos R$ 7 bilhões as receitas da União no ano que vem, segundo cálculos da consultoria da Câmara dos Deputados feitos a pedido do Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Na elaboração do Orçamento de 2017, a equipe econômica estimou crescimento de 1,6% no Produto Interno Bruto (PIB), mas o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu em declarações à imprensa que o avanço deve ser menor, de 1%. O Boletim Focus, coletado pelo Banco Central junto a analistas, mostra que a estimativa, antes em 1,2%, caiu a 1,13%.

Caso o PIB cresça apenas 1%, a arrecadação ficaria R$ 3,8 bilhões menor que o previsto no Orçamento, calcula o diretor da Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (Conof) da Câmara, Ricardo Volpe. Soma-se a isso o efeito da menor atividade sobre variáveis como inflação e massa salarial, a frustração aumenta a R$ 7 bilhões. “Nesse momento, tudo indica que a projeção do governo (de 1,6%) é otimista”, diz Volpe.

Apesar disso, a equipe econômica garante que a meta de encerrar 2017 com déficit de R$ 139 bilhões está mantida e espera recursos extraordinários para fechar a conta. Uma das receitas que já está no radar do governo é a arrecadação com a reabertura do programa de repatriação, cujo projeto já tramita no Congresso Nacional.

O relator de receitas do Orçamento, deputado Daniel Vilela (PMDB-GO), já incorporou estimativa de arrecadação de R$ 10,15 bilhões para a União com a nova repatriação.

Até o fim de novembro, o Executivo pode alterar os parâmetros que balizam a formulação do Orçamento, deixando-o “mais realista”. Mas, segundo um integrante da equipe econômica informou ao Broadcast, eventuais ajustes devem ser feitos só no início de 2017, quando for editado o decreto de programação orçamentária.

A ideia é ter mais tempo para avaliar o desempenho da economia e o tamanho do impacto para então refazer a conta. “Não é só o tamanho do PIB que tem que ser considerado, mas a composição do crescimento. Se a massa salarial cresce mais que a exportação, por exemplo, isso tem efeito melhor em termos de arrecadação”, afirma a fonte.

A estimativa de crescimento do PIB considerada oficialmente pelo governo já havia sido mais modesta. Quando enviou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 ao Congresso Nacional, o governo disse esperar alta de 1,2%. Foi na apresentação do Orçamento, em agosto, que a estimativa foi elevada para 1,6%.

Essa mudança e o maior dinamismo em alguns setores trariam incremento de R$ 14,2 bilhões na arrecadação de 2017, segundo a equipe econômica, e fariam parte do esforço adicional de R$ 55,4 bilhões necessário para cumprir a meta do ano que vem. À época, Meirelles justificou que o próprio mercado estava melhorando as perspectivas.

Na semana passada, Vilela apresentou parecer favorável aos cálculos de receita do Executivo. Embora tenha ressaltado que o crescimento de 1,6% para o ano que vem é “moderadamente otimista”, ele avaliou o que o governo “está determinado em perseguir a meta de crescimento com as medidas de estímulo ao investimento e à produção que têm sido adotadas e as que estão em gestação.” 

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