União Eurasiática discute possibilidades diante de crise mundial

  • Por Agencia EFE
  • 20/03/2015 16h11
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Astana, 20 mar (EFE).- Os líderes de Cazaquistão, Rússia e Belarus se reuniram nesta sexta-feira para fortalecer a recém-criada União Econômica Eurasiática (UEE) devido à queda dos preços do petróleo, à recessão e à crise ucraniana.

“Achamos que chegou a hora de falar sobre a possível criação de uma união monetária no futuro. Estamos com nossos parceiros para coordenar nossa política monetária”, disse o presidente russo, Vladimir Putin, ao término da cúpula da UEE em Astana.

O líder cazaque, Nursultan Nazarbayev, que tem grande autoridade em toda a região, propôs que os três países que fundaram a UEE elaborem um plano conjunto para superar a atual crise econômica, já que 2015 será um ano de “grandes riscos e desafios”.

“Os negócios entre Rússia e Cazaquistão diminuíram 20%, principalmente devido à queda dos preços de nossas exportações e às oscilações de nossas moedas”, comentou à imprensa.

Putin acrescentou que, “trabalhando lado a lado, é mais fácil reagir às ameaças econômicas e financeiras internacionais, além de defender o mercado comum”.

A união monetária não é uma ideia nova, mas até agora os principais aliados do Kremlin, Nazarbayev e o presidente bielorrusso, Aleksandr Lukashenko, se mostraram reticentes sobre aceitar o rublo como moeda comum.

Essa proposta se tornou menos atrativa ainda com a desvalorização do rublo, que despencou 40%, a queda dos preços do petróleo e as sanções ocidentais contra a Rússia, fatores que reduziram consideravelmente as transações entre esses países há um ano.

“Abordamos a situação da economia mundial, que continua sendo instável. A fraca atividade empresarial, a paralisação da economia e a volatilidade dos mercados de matérias-primas afeta diretamente os países da CEI (Comunidade dos Estados Independentes)”, admitiu Putin.

De acordo com as previsões, a UEE pode representar nos próximos dez anos um crescimento econômico adicional entre 17% e 20% de cada um de seus membros, entre os quais também há a Armênia.

A UEE, cujo PIB conjunto é calculado em cerca de US$ 4,5 trilhões, já prepara tratados de livre-comércio com Israel, Índia, Turquia, Egito e Vietnã, e acordos de cooperação com o Mercosul e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean).

A integração eurasiática inclui a prática da livre circulação de mercadorias, capitais, serviços e força de trabalho, assim como a coordenação das políticas econômicas.

Setores como agricultura, construção e comércio se liberalizaram a partir do dia 1º de janeiro, enquanto outros seguirão o mesmo caminho de maneira gradual.

A crise ucraniana também foi foco das conversas, já que os três países foram afetados pela guerra entre as forças governamentais e as milícias pró-Rússia no leste do país.

Os três líderes se comprometeram a “buscar uma solução realista” para o problema diante da possibilidade de regulação que abriu a assinatura dos acordos de paz de Minsk, em 12 de fevereiro, e, três dias depois, a entrada em vigor de um cessar-fogo que é respeitado desde então.

“Temos que sair da situação criada na Ucrânia pela via diplomática. Não existe uma solução militar para esse problema”, disse Nazarbayev, que sempre defendeu a integridade territorial da Ucrânia.

Segundo o líder cazaque, qualquer decisão tomada em relação à Ucrânia deve se basear “nos princípios fundamentais do direito internacional”.

“O Cazaquistão apoia os acordos de Minsk, e é importante que ele seja cumprido por todas as partes. Queremos que a Ucrânia continue sendo um Estado estável, independente e territorialmente íntegro”, disse.

Putin disse estar confiante “que as autoridades de Kiev cumpram plenamente os acordos feitos em Minsk”, os quais classificou como uma “verdadeira possibilidade para uma gradual distensão do conflito”.

A Rússia acusou a Ucrânia nesta semana de violar os acordos de Minsk, ao aprovar uma lei de autonomia que condiciona o autogoverno das zonas sob controle rebelde à realização de eleições locais com supervisão internacional.

Os presidentes de Cazaquistão, Rússia e Belarus voltarão a se reunir no dia 8 de maio, em Moscou. EFE

io/vnm

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