União Europeia avalia medidas para manter Jerusalém como capital de 2 Estados

  • Por Agencia EFE
  • 25/03/2015 20h33

Jerusalém, 25 mar (EFE).- Um relatório da União Europeia (UE) que analisa até 40 medidas que deveriam ser colocadas em prática para amortecer algumas políticas israelenses, especialmente em Jerusalém, e proteger a solução dos dois Estados, foi revelado nesta quarta-feira pelo jornal israelense “Yedioth Ahronoth”.

A publicação teve acesso a um documento interno elaborado pela UE que registra várias recomendações, algumas que ainda necessitam de aprovação, segundo uma fonte consultada pelo periódico, que teriam como objetivo “manter a viabilidade da solução dos dois Estados que figura em várias declarações da UE”.

“Estamos em curso de colisão”, disse um diplomata europeu ao jornal. “Está claro para todos em Bruxelas que deve haver uma resposta para tais declarações”, opinou, ao se referir às palavras proferidas por Netanyahu no final de sua campanha eleitoral, quando o premiê israelense garantiu que não existiria um Estado palestino sob seu mandato.

“Se Israel continuar sua política para além da Linha Verde, afetará sua relação com as nações europeias”, frisou a fonte.

No trecho “Recomendações para reforçar a política da UE em Jerusalém”, o relatório assinala também que outro de seus principais propósitos é “preservar a presença palestina em nível político, cultural e econômico” na cidade e pede a rápida implementação das sugestões devido à “deterioração da situação” na cidade em 2014.

As medidas a serem aplicadas, segundo o documento publicado no site do “Yedioth Ahronoth”, pretendem, entre outras questões, “preservar a viabilidade de Jerusalém como a capital dos dois Estados”, “fortalecer a identidade cultural e religiosa da cidade”, “terminar com o isolamento socioeconômico de Jerusalém Oriental” e “fortalecer o papel, a visibilidade e a política da UE”.

Entre as recomendações para se atingir tais objetivos estão uma melhor sinalização dos produtos que têm sua origem nos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, destacar a importância do acesso dos palestinos a seus lugares sagrados de culto, como a Mesquita de al-Aqsa, e acabar com as restrições impostas sobre bens e serviços.

O Escritório do Representante da União Europeia na Cisjordânia e em Gaza notificou à Efe que se trata de um documento interno que foi vazado e cuja finalidade é “servir como fonte de informação para a UE e como contribuição para seu processo de elaboração de políticas”.

“Como tal, deve ajudar a UE a determinar a melhor maneira de se conseguir a solução de dois Estados no processo de paz do Oriente Médio”.

O responsável de comunicação do Escritório, Shadi Othman, afirmou que o documento tem como destino o Comitê Político e de Segurança da UE para informar sobre a situação no terreno e “faz uma série de recomendações para a política da UE em relação a Jerusalém”.

“A UE não reconhece a anexação israelense de Jerusalém Oriental”, diz o documento remitido à Efe pelo Escritório, no qual explica que sua política sobre a situação dessa área da cidade é definida por seu departamento de Relações Exteriores.

“Para que haja uma paz verdadeira, as negociações devem ser um caminho para resolver o status de Jerusalém como futura capital dos dois Estados. A UE já solicitou a reabertura de instituições palestinas em Jerusalém”, assim como “o fim do tratamento discriminatório aos palestinos” por parte do governo israelense na parte oriental da cidade.

“A UE desfruta de uma relação próxima com o governo de Israel e com a Autoridade Palestina e se envolve com ambas as partes de maneira transparente em suas políticas para apoiar este objetivo através do diálogo político com cada uma”, concluiu o Escritório da UE na declaração enviada à Efe. EFE

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