Uruguai abre os braços para receber primeiro grupo de 42 refugiados sírios

  • Por Agencia EFE
  • 09/10/2014 19h32

Álvaro Mellizo.

Montevidéu, 9 out (EFE).- O Uruguai recebeu nesta quinta-feira, de braços abertos e com todo seu afeto, o primeiro grupo de 42 refugiados sírios que chegaram ao país como parte de um programa pioneiro de reassentamento impulsionado por seu governo para oferecer uma nova vida a famílias que fogem do conflito nesse país do Oriente Médio.

A solidariedade cidadã, o interesse público, a genuína preocupação e o desejo que estes recém chegados ao país possam recuperar-se dos horrores da guerra e assentar-se tranquilamente no Uruguai marcaram o primeiro dia destas pessoas no pequeno país sul-americano, “orgulhoso” de ser um lugar de amparada.

As cinco famílias às quais pertencem estes 42 refugiados, crianças em sua imensa maioria, aterrissaram de manhã na capital uruguaia após uma viagem de mais de 30 horas do Líbano, onde se encontravam deslocadas.

Logo após chegar foram recebidas pelo presidente José Mujica, o chanceler Luis Almagro e por dezenas de pessoas que se aproximaram do terminal aeroportuário para saudar de longe e dar-lhes as boas-vindas ao país.

Depois, os refugiados foram conduzidos até o Lar San José, um centro dos Irmãos Maristas, onde residirão até o final de novembro de forma provisória, acompanhados por Mujica e onde também foram aguardados por vários moradores que foram mostrar seu apoio aos recém chegados.

Ali, os sírios receberam presentes e doações tanto de instituições públicas como privadas, entre elas, várias bolas de futebol que, imediatamente, puseram em uso.

“Já estão jogando futebol… Acho que os meninos são os que se integram mais rápido”, disse Mujica à imprensa ao deixar o centro, antes de ressaltar o enorme agradecimento que estas pessoas estavam sentindo.

“Não podemos parar uma guerra, mas podemos diminuir seus efeitos”, acrescentou o presidente uruguaio.

Mais tarde, em uma grande entrevista coletiva realizada na sede da presidência uruguaia, Javier Miranda, o secretário de Direitos Humanos do governo de Mujica e um dos artífices da chegada dos refugiados, se mostrou muito satisfeito que o Uruguai tenha podido cumprir este “primeiro passo” para “dar uma mão solidária”.

“Em fevereiro virão outras 72 pessoas, e seguiremos desenvolvendo o programa para possibilitar que reconstruam um projeto de vida. E para que os que querem instalar-se possam ficar, e os que querem voltar possam retornar ao seu país depois da guerra”, comentou.

Miranda também destacou a “emocionante” solidariedade mostrada por seus concidadãos neste tema, tanto de pessoas como de empresas e instituições.

Por sua vez, o representante da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) na região, José Somaniego, qualificou a iniciativa como um fato “histórico” de “relevância não só para o Uruguai e a região, mas para toda a comunidade internacional”.

Somaniego explicou que esta é a primeira ocasião na qual um país latino-americano inicia um programa integral de refúgio e reassentamento de refugiados, um episódio “encorajador perante uma situação mundial caótica”.

“É importante reativar a solidariedade mundial e em particular da América Latina. (…) Esperamos que outros se somem a isto. Tivemos programas de vistos para sair do país, principalmente no Brasil, e reconhecimentos individuais em outros países. Mas esta do Uruguai é a primeira operação organizada de reassentamento”, salientou.

O compromisso uruguaio estabelecido perante a Organização Internacional de Migrações prevê não só trazer até 120 refugiados sírios em dois rodízios ao país, mas oferecer-lhes alojamento, encarregar-se de sua adaptação ao país e facilitar-lhes um emprego digno.

Durante estas primeiras semanas, os refugiados contarão com a ajuda de uma equipe formada por um psicólogo e um trabalhador social para tentar facilitar sua integração na sociedade, enquanto as crianças e adolescentes do grupo ingressarão de forma imediata em escolas públicas para fomentar também sua adaptação ao país. EFE

amr/rsd

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