Uruguai nega que produção legal de maconha seja boicotada pelo narcotráfico

  • Por Agencia EFE
  • 18/02/2014 12h02
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Montevidéu, 18 fev (EFE).- O Governo do Uruguai negou nesta terça-feira que a plantação legal de maconha no país para satisfazer a demanda interna a partir da lei aprovada no ano passado vai ser um “risco”, sobretudo se for comparada com a quantidade de cannabis que se produz no Paraguai de forma ilegal.

“É uma loucura dizer que o mercado do Uruguai pode ser um risco quando não se sabe quantos hectares há plantados no Paraguai, mas presume-se que são entre 8 mil e 10 mil. Aqui não vai chegar nem a 10!”, afirmou o secretário da Junta Nacional de Drogas (JND), Julio Calzada.

Em declarações exclusiva ao jornal uruguaio “El País”, publicadas nesta terça-feira, Calzada rejeitou assim as críticas surgidas em alguns pontos da América do Sul sobre a lei uruguaia que em dezembro passado descriminalizou a produção e venda dessa droga, cujo consumo é legal há 40 anos.

Calzada admitiu que na JND não está descartada a possibilidade do narcotráfico tentar boicotar a lei impulsionada pelo presidente José Mujica, mas esclareceu que até o momento não há indícios que algo assim vá acontecer.

“Fizemos uma análise de todos os riscos que existem e obviamente este é um deles. Embora neste momento não temos nenhuma evidência de que não há ponto de atividade da droga para colocar o sistema em risco, isso não é algo que pode ser descartado”, argumentou.

O projeto governamental propõe a criação de uma agência reguladora encarregada de outorgar licenças aos consumidores e controlar a produção e distribuição da droga, que será efetiva em clubes ou farmácias.

Os consumidores poderão adquirir até um máximo de 40 gramas por mês, ou cultivar em casa até seis plantas que produzam não mais de 480 gramas por colheita.

O preço que será aplicado para que o produto seja competitivo com o do mercado negro será de um dólar (0,63 euros) por grama.

Também em declarações ao “El País”, o subdiretor da direção de Repressão do tráfico Ilícito de Drogas (Dgrtid), Carlos Noria, explicou que “a ideia é que os próprios produtores e clubes cannábicos tenham controlada sua segurança”, embora depois Calzada precisou que esse ponto ainda não estava definido.

Segundo Noria, os cultivadores serão submetidos a controles policiais e do Ministério da Saúde Pública (MSP) em suas plantações.

A Dgrtid -acrescentou- aconselhará os especialistas que preparam a regulamentação da lei em torno da segurança dos cultivos e do transporte da droga.

Por fim, Calzada desprezou também a possibilidade de que o narcotráfico inunde o mercado com uma maconha mais barata para derrubar o plano governista.

“Na economia formal você pode descer os preços para posicionar melhor teu produto e depois aumentá-lo; mas, no mercado ilegal, por suas próprias regras e debilidades, é difícil fazer isto”, explicou.

Na semana passada, o Governo do Paraguai informou sobre a realização de uma grande operação antidrogas com apoio do Brasil na fronteira comum, na qual já foram destruídos 52 hectares.

O Paraguai é o segundo maior produtor de maconha do mundo, após o México, com um volume estimado de entre 30 mil e 48 mil toneladas dessa droga por ano, em uma superfície de 5 mil a 8 mil hectares, com duas colheitas por ano.

Cerca de 80% da maconha consumida no Brasil é paraguaia. EFE

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