Uruguai vive dia de reflexão antes da eleição mais disputada em 10 anos

  • Por Agencia EFE
  • 25/10/2014 17h01

Álvaro Mellizo.

Montevidéu, 25 out (EFE).- O Uruguai viveu neste sábado um tranquilo dia de reflexão às vésperas do que serão as eleições gerais mais disputadas em dez anos, onde as enquetes preveem que a governista Frente Ampla (FA) perderá a maioria absoluta que ostenta desde 2005.

Sob um esplêndido sol primaveril, os 2,6 milhões de uruguaios maiores de 18 anos habilitados para escolher neste domingo seu presidente e vice-presidente para o período 2015-2020, além dos 99 deputados e 30 senadores das duas câmaras do parlamento, passaram o dia sem nenhum incidente digno de menção e reafirmaram mais uma vez o alto nível de convivência e respeito pela democracia que caracterizam o país.

Os uruguaios também votarão no domingo em um controvertido referendo de reforma constitucional para diminuir a idade da maioridade penal dos 18 para os 16 anos, para o qual também se prevê um resultado ajustado.

No meio da proibição eleitoral que impede a realização de atos proselitistas e a emissão de mensagens eleitorais, o país parecia mais interessado na estreia de Luis Suárez pelo Barcelona perante o Real Madrid em jogo válido pelo Campeonato Espanhol.

Os líderes dos quatro principais partidos destas eleições, a FA – uma ampla coalizão de esquerda -, o Partido Nacional (PN), de centro-direita, o Partido Colorado (PC, direita), e o Partido Independiente (PI, de centro-esquerda), aproveitaram a proibição para descansar após uma intensa e longa campanha eleitoral, que na prática começou há quase um ano com a postulação dos candidatos.

Tabaré Vázquez, o oncologista que em 2005 assumiu como o primeiro presidente de esquerda na história do país, dificilmente conseguirá superar nesta ocasião os 50% dos votos no primeiro turno – as enquetes lhe dão entre 41% e 44%.

Vázquez venceu com a FA nas eleições gerai de 2004 no primeiro turno com 51,67% dos votos, enquanto seu sucessor, José Mujica, também da FA, obteve a maioria parlamentar na primeira fase com 47,96% dos votos e a presidência no segundo turno com 54,63%.

Com os resultados previstos pelas enquetes, a FA perderia a maioria em ambas câmaras e teria uma dura luta para obter a presidência no segundo turno perante o jovem candidato do PN, Luis Lacalle Pou, a quem as pesquisas dão 32% dos votos.

Os colorados de Pedro Bordaberry não entrariam no segundo turno com 15% dos votos, mas poderiam ser determinantes para definir a presidência caso deem seu apoio a Lacalle nessa instância, uma aliança que PC e PN já fizeram no passado.

Pablo Mieres, do PI, com 3% nas intenções de voto, não espera chegar ao segundo turno, mas obter mais cadeiras no parlamento atraindo o voto dos descontentes com a gestão do FA.

Os 6.948 circuitos de votação abrirão amanhã às 8h locais (mesma hora de Brasília) e permanecerão abertos até as 19h30, onde serão atendidos por 40 mil funcionários públicos encarregados das mesas receptoras de votos.

Cerca de sete mil integrantes das Forças Armadas se encarregarão da custódia das urnas e 900 funcionários da Corte Eleitoral velarão pela apuração, cujos primeiros dados oficiais serão divulgados a partir das 22h.

Nas eleições uruguaias cada partido apresenta um único candidato a presidente, definidos em eleições internas no último dia 1º de junho, e várias listas diferentes de deputados e senadores que correspondem aos diversos grupos, setores e correntes que respaldam cada candidato.

O atual presidente Mujica, de 79 anos e impedido pela Constituição de fazer campanha, lidera a lista ao Senado por um dos setores do FA e, com quase total certeza, será eleito para entrar na câmara alta na próxima legislatura. EFE

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