Usuários viram escudo de traficantes na Cracolândia: região tem solução?
A última quarta-feira (10) registrou mais um confronto entre a polícia, traficantes e usários de drogas na região da Cracolândia, em São Paulo.
Infelizmente, o fato não é nenhuma novidade no cotidiano na cidade. O problema é que os confrontos estão se tornando cada vez maiores e se espalhando pelos arredores da região. Nesta quarta, inclusive, o tumulto chegou ao terminal Princesa Isabel e algumas lojas foram saqueadas na rua Santa Ifigênia.
A confusão começou após guardas-civis municipais deterem um suspeito de furto de celular na região da Luz. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, à qual a Guarda Civil (GCM) é subordinada, houve tumulto no local e a Polícia Militar foi acionada.
O secretário municpal de Segurança Urbana, Coronel José Roberto Rodrigues, defendeu a ação da GCM. “O agente público, em flarante de delito, deve tomar as providências e foi o que ele fez”, diz o secretário municipal de Segurança Urbana.
De acordo com a SSP, os guardas pediram apoio à Polícia Militar após flagrarem um roubo e perseguirem os suspeitos, que teriam fugido para o meio dos usuários de drogas. Moradores da Cracolândia reagiram à entrada da polícia com pedras e fizeram barricadas, ateando fogo em objetos, na altura do número 100 da Alameda Dino Bueno, Os policiais chegaram a derrubar barracas que estavam montadas no local.
A polícia informou que uma pessoa foi atingida por disparo de arma de fogo, socorrida e já foi liberada.
Programa redenção
A adminsitrção do prefeiro João Doria anunciou no início do ano o programa “Redenção”. A iniciativa vai substituir o “Braços Abertos”, criado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad, e visa revitalizar a região da Luz.
No “Redenção”, a tendência é que os usuários sejam acolhidos em estabelecimentos próximos aos Centros de Atenção Psicossocial espalhados pela cidade. Além disso, a área deve ser revitalizada.
Quesitonado se a partir do ocorrido ontem, alguma coisa muda nos planos municipais para a região, o secretário afirmou que não. “O projeto redenção é um projeto estruturado, com muitos orgãos envolvidos”, diz.
Quem corrobora com a opinião é o Comandante de Policiamento para a Capital, o Coronel Celso Luiz Pinheiro. Para ele, o problema não é somente policiamento. “A PM nunca deixou de atuar na região. Atuamos diariamente. De 2016 para cá foram presas 147 pessoas”, diz. “Hoje a situação é tão grave que os próprio traficantes colocam pessoas em situação extrema como escudo humano.”
Na visão de Pinheiro, qualquer atuação da PM dentro da cena de uso fará muito provavelmente que ocorra o que aconteceu ontem. “Qualquer intervenção e força de segurança vai causar um estrago maior. Estamos trabalhando com inteligência. O minimo de pessoas feridas e preservando a vida de quem esta precisando de tratamento”, diz.
A meta da prefeitura é implantar o programa “Redenção” ainda no primeiro semestre e conta com apoio dos governos estadual e federal.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.