Valls assume como primeiro-ministro e tenta equilibrar novo governo na França
Paris, 1 abr (EFE).- Manuel Valls assumiu nesta terça-feira o cargo de primeiro-ministro francês, e dedicou o dia a multiplicar os contatos para a formação de um governo que pretende manter uma série de equilíbrios na esquerda.
Em uma tentativa de agregar posições dentro de seu campo político, Valls se esforçou em ressaltar que o presidente francês, o socialista François Hollande, tem “um roteiro para passar adiante, mais rápido” o caminho percorrido por Jean-Marc Ayrault em seus 22 meses de mandato.
Segundo ele trata-se de “responder à demanda de justiça e de justiça social que as eleições municipais revelaram com mais força ainda”, discursou na transferência de poderes, celebrada no palacete de Matignon, residência oficial do primeiro-ministro.
Foi uma referência direta ao histórico revés sofrido pelos socialistas em particular e pela esquerda em geral nas eleições municipais de domingo, que significou a perda da prefeitura em mais de 150 cidades do país.
Valls homenageou seu antecessor no cargo, com quem se identificou como “socialista”, “republicano” e “patriota”, e disse querer continuar com o trabalho iniciado de “recuperação de nosso país, de nossa economia e de nossa indústria”.
Assim que Ayrault saiu do palacete acompanhado de sua mulher foi para seu reduto eleitoral, Nantes (se especula com que em um mês poderia recuperar o cargo de deputado), o novo primeiro-ministro francês retomou sua tarefa mais urgente, a formação de gabinete, complicada pelas suspeitas que sua personalidade desperta.
A primeira reunião de Matignon foi com o presidente da Assembleia Nacional francesa, o socialista Claude Bartolone, uma peça importante, já que Valls deverá ser referendado como primeiro-ministro pelos deputados, aos quais em algumas semanas apresentará a principal reforma pendente de Hollande, o chamado “pacto de responsabilidade”.
Ele prevê um rebaixamento em massa das taxações sociais das empresas para tentar melhorar sua competitividade, o que o presidente se comprometeu a fazer sem aumentar outros impostos, e que significaria uma redução do gasto público de 50 bilhões de euros.
O primeiro-ministro recebeu também o primeiro-secretário do Partido Socialista (PS), Harlem Désir, em busca do respaldo de sua própria legenda em um momento em que alguns membros destacados da ala mais à esquerda, como o deputado Henri Emmanuelli e a senadora Marie-Noëlle Lienneman, advertiram não gostarem de sua orientação.
Valls já começou com um revés ao perder o apoio dos ecologistas, depois de dois ministros deste partido, Cécile Duflot (Habitação) e Pascal Canfin (Desenvolvimento), anunciarem a intenção, pessoal, de não continuar na coalizão por divergências em temas como imigração.
Ele também esteve com o titular francês de Defesa, Jean-Yves Le Drian, um dos pesos pesados do executivo, que continuará no gabinete, assim como o chefe da diplomacia, Laurent Fabius, e o ministro da Indústria, Arnaud Montebourg.
A situação não é a mesma em outros ministérios, como o de Finanças, Pierre Moscovici; a de Justiça, Christiane Taubira, e o de Educação, Vincent Peillon, que poderiam deixar seus postos ou no mínimo mudar de pasta.
Entre as várias especulações, um dos nomes cotados para entrar no governo é o da ex-ministra e ex-candidata socialista Ségolène Royal, ex- companheira de Hollande, mãe de seus quatro filhos e atual presidente da região francesa de Poitot-Charentes.
Como Hollande deve participar a partir de amanhã à tarde em Bruxelas da cúpula União Europeia-África, o mais provável é que o nome dos ministros do novo governo francês seja anunciado ainda de manhã. EFE
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