Vanuatu teme crise de fome em áreas assoladas pelo Pam, que deixou 11 mortos

  • Por Agencia EFE
  • 17/03/2015 09h31
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Rocío Otoya

Sydney (Austrália), 17 mar (EFE).- A passagem do ciclone Pam causou pelo menos 11 mortos em Vanuatu, onde as equipes de resgate tentam avaliar os danos, enquanto as autoridades temem que os sobreviventes das zonas mais remotas enfrentem em breve uma crise de fome pela falta de provisões.

O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCAH) situou nesta terça-feira o número de mortos em 24, embora mais tarde revisou os dados para baixo e cifrou em 11 as vítimas mortais, em coincidência com os dados oficiais das autoridades de Vanuatu.

O organismo acrescentou que 3,3 mil pessoas estão hospedadas em 37 centros de evacuação em Torba e Pename, duas das seis províncias do país, assim como na ilha de Efate, na província de Shefa, a única jurisdição onde por enquanto foi declarado o estado de emergência.

As autoridades estimaram que 70% da população foi deslocada e 90% dos edifícios da capital Port-Vila ficaram danificados, mas o impacto completo do ciclone no arquipélago ainda não pôde ser estabelecido devido ao mal estado das comunicações.

A situação em grande parte das 80 ilhas do país ainda é desconhecida e teme-se que os sobreviventes enfrentem em breve uma crise de fome, segundo alertaram hoje fontes do governo do país.

“Confiamos que na primeira semana os cultivos e as plantas das hortas ainda possam ser comidas, mas depois necessitaremos de algumas rações no terreno”, disse um oficial da presidência do país, Benjamin Shing, à emissora australiana “ABC”.

A delegada da Cruz Vermelha, Jacqueline de Gaillarde, alertou que os comércios dispõem de poucos mantimentos porque muita gente fez estoque antes da chegada do Pam e muitas dessas reservas foram perdidas ou ficaram destruídas.

“Necessitamos de comida para as próximas semanas, pessoal que faça avaliações e transporte. Necessitamos de embarcações para chegar às ilhas porque muitos aeroportos aí são pistas que estão inundadas e não se pode aterrissar”, declarou Gaillarde à “ABC”.

Outra das prioridades é levar às zonas afetadas material de saúde e de primeiros socorros, água potável e refúgios.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou, em comunicado, sobre o risco de propagação de um surto de sarampo.

A Unicef também expressou preocupação com cerca de 70 mil crianças que podem ter perdido suas casas ou foram afetadas pela passagem do Pam, e informou que enviou equipes de primeiros socorros e remédios que são urgentemente em Vanuatu.

A ministra de Relações Exteriores australiana, Julie Bishop, confirmou “danos significativos” nas ilhas do sul depois que aviões militares australianos realizaram um reconhecimento aéreo.

Segundo Bishop, mais de 80% das casas e edificações da ilha de Tanna, situada a 200 quilômetros de Port-Vila, ficaram destruídos completamente ou parcialmente, da mesma forma que as plantações.

O governo e as organizações humanitárias começaram a chegar a Tanna, onde os primeiros relatórios divulgados na segunda-feira dão conta que o ciclone deixou praticamente em ruínas esse local habitado por cerca de 29 mil pessoas.

Os trabalhos de limpeza continuaram em Port-Vila, onde o aeroporto retomou todos os voos internacionais, mas a maioria dos nacionais seguem suspensos.

Vanuatu, que vinculou o poder devastador do Pam à mudança climática, sofreu no ano passado com a passagem do ciclone Lusi, que causou 10 mortos, danificou as infraestruturas e cultivos e contaminou as fontes de água.

“A situação no Pacífico é o exemplo que mais ilustra o que é o impacto tangível da mudança climática: é devastador”, assegurou o chefe do escritório do Programa de Desenvolvimento da ONU na região, Osnat Lubrani. EFE

watt/ff

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