Varela, empresário e político que será novo presidente do Panamá

  • Por Agencia EFE
  • 05/05/2014 03h57

Panamá, 4 mai (EFE).- O atual vice-presidente e empresário, Juan Carlos Varela, ganhou neste domingo as eleições realizadas no Panamá, nas quais concorreu sob a bandeira da luta social e da luta contra a corrupção que, diz, o afastou de seu outrora aliado e líder em fim de mandato, Ricardo Martinelli.

“Muito obrigado, que Deus abençoe o Panamá, os felicito (…) por esta eleição democrática que tivemos. Sigamos em uma forma cívica e democrática vendo estes resultados. Hoje o Panamá venceu, a democracia venceu”, acrescentou Varela em sua breve conversa com Pinilla.

O líder da Aliança Povo Primeiro, formada pelo Partido Panameñista (PPa), presidido por Varela, e o minoritário Partido Popular, obteve 39,15% dos votos, apuradas 60% das mesas de votação, segundo os resultados preliminares extraoficiais divulgados no site do Tribunal Eleitoral.

Varela, de 51 anos e líder do PPa, chegou à vice-presidência do Panamá, em julho de 2009, junto a Martinelli com a agora extinta Aliança pela Mudança, que com a promessa de pôr “os interesses do país primeiro sobre os interesses pessoais ou partidários” conseguiu 59,97% dos votos.

Para isso renunciou à aspiração presidencial para as eleições de maio de 2009 pelo PPa, no qual se filiou quando tinha 14 anos.

Mas a coalizão do governante partido Cambio Democrático (CD) e do PPa se rompeu em 2011 no meio de acusações de corrupção governamental, o que provocou uma crise no gabinete com a renúncia dos aliados de Varela, entre eles o ministro da Economia e Finanças, Alberto Vallarino, uma das figuras-chave do Executivo.

Martinelli destituiu em 30 de agosto de 2011 Varela do cargo de chanceler, alegando que tinha posto “muitos chapéus”, já que além de vice-presidente e ministro das Relações Exteriores, era presidente do PPa e candidato à presidência nas eleições de 2014, para o qual em princípio contava com o apoio do governante em virtude do acordo ao que tinham chegado em 2009.

A tensão entre ambos subiu em maio de 2012 quando Martinelli pediu ao presidente do PPa que renunciasse à vice-presidência com o argumento de que não fazia nada, ao qual Varela respondeu que ele servia “ao povo e não a um governo corrupto”.

Formado em Engenharia Industrial pelo Instituto Tecnológico da Geórgia, Estados Unidos, Varela centrou sua campanha presidencial na luta contra a corrupção.

Por essas denúncias Martinelli inclusive chegou a interpor um processo civil contra Varela, em 2012, no valor de US$ 30 milhões por “danos e prejuízos”, embora finalmente tenha retirada a queixa.

Além de político, Varela é um destacado empresário panamenho: desde 1985 foi diretor da empresa produtora de licores Varela Hermanos, da qual também foi vice-presidente executivo até janeiro de 2008, e foi acionista de emissoras de rádio.

Uniu-se às fileiras do PPa influenciado pela tradição familiar e pelas excursões organizadas pelo Movimento Panameñista em 1977, com a abertura democrática que se deu para a assinatura dos Tratados Torrijos-Carter, pelos quais se alcançou no dia 31 de dezembro de 1999 a transferência da soberania do Canal dos Estados Unidos ao Panamá.

Seus familiares foram deputados, ministros, dignatários e acompanhantes de Arnulfo Arias, três vezes eleito presidente do Panamá e outras tantas derrubado pelos militares.

De 1992 a 1999 foi diretor nacional do Partido Arnulfista e em 2004 ajudou na coordenação de campanhas de vários deputados, prefeitos e representantes deste partido, muitos dos quais foram escolhidos.

Em 30 de julho de 2006 os panameñistas o designaram presidente do chamado Partido Panameñista, nomenclatura adquirida em outubro de 2005.

Em 14 de janeiro de 2013 se postulou como candidato para as presidenciais do dia 4 de maio de 2014 e dois meses depois ganhou as primárias de seu partido, com 99% dos votos.

Varela tem como companheira de chapa para a vice-presidência, Isabel Sain Malo, e é casado com a jornalista Lorena Castillo, com a qual tem três filhos: Giancarlo, Adrián e Stefan. EFE

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