Vaticano diz que papa traz expectativa e esperança para América Latina
Cristina Cabrejas.
Cidade do Vaticano, 3 jul (EFE).- O papa Francisco gera “expectativas e esperanças enormes” na América Latina, e daí a importância de sua visita a Bolívia, Equador e Paraguai, afirmou vice-presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, o uruguaio Guzmán Carriquiry.
Primeiro “número dois” laico de um dicastério da Cúria romana, Carriquiry concedeu uma entrevista à Agência Efe às vésperas desta viagem, e fará parte da delegação que acompanhará Francisco.
Este uruguaio, que trabalha há mais de 40 anos para a Santa Sé, explicou que “Francisco está tendo um efeito impressionante na América Latina. Muito mais do que podemos ver à primeira vista”.
“Ele está criando algo que poderia ser considerado superficial, mas não é, que é o carinho e as enormes expectativas e esperanças em todos os povos latino-americanos e inclusive superando os confins da Igreja Católica”, assinalou.
Para Carriquiry, Francisco está “provocando uma profunda revisão da vida da Igreja latino-americana, não só convidando à conversão pastoral dos bispos e sacerdotes, mas também a uma conversão pessoal de cada batizado”.
Nestes dois anos de pontificado, explicou este professor uruguaio, “está comprovado que na América Latina mais gente vai à Igreja, mais gente vai aos confessionários e as estatísticas provam como mais pessoas peregrinam aos grandes santuários como Aparecida, Guadalupe e outros”.
Carriquiry explicou que, na realidade, a viagem que levará o papa a Bolívia, Equador e Paraguai, entre os dias 5 e 13 de julho, é a “primeira visita pastoral à América Latina”, porque na realidade a do Rio de Janeiro em julho de 2013 foi uma viagem para um evento mundial, e esta a primeira a países latino-americanos.
O “número dois” deste dicastério – que funciona como uma ligação entre o Vaticano e a Igreja da América Latina – explicou como Francisco escolheu estes três países para reafirmar sua ideia de viajar para as periferias, “de onde se tem uma melhor visão do conjunto”.
“Quando alguém pensa na América Latina, vem à cabeça um triângulo cujos vértices são Brasil, México e Argentina, mas estes países são as periferias emergentes, que viveram em 10, 15 anos processos de crescimento enorme, de transformações profundas não só econômicas, mas também políticas e culturais”, explicou.
O que Francisco encontrará, segundo ele, são países que “estavam imobilizados em suas tradições rurais, com os setores indígenas e camponeses petrificados, mas que nos últimos 10 anos se puseram em movimento e viveram uma transformação de modernidade e onde os setores populares adquiriram protagonismo”.
Carriquiry disse que o papa vai a levar à América Latina três mensagens: de ajudar aos pobres, proteger o meio ambiente e da misericórdia.
“Em uma mão levará sua exortação apostólica, Evangelii Gaudium, onde falará de uma Igreja que deve ser missionária, misericordiosa, solidária. Uma Igreja que deve ser para e com os pobres”, disse.
Na outra mão, Francisco terá sua primeira encíclica, Laudato Se, “que fala do entrelaçamento potente que significa vincular a ecologia ambiental à ecologia social e a ecologia natural à humana”.
O meio ambiente, segundo Carriquiry, será várias vezes citado pelo papa nesta viagem, pois nestes países existem os grandes problemas que Francisco falou em sua recente encíclica.
Não faltará, acrescentou, uma menção ao Jubileu da Misericórdia, que começará dia 8 de dezembro e irá até novembro de 2016, como demonstração de que o papa quis a todo custo visitar o santuário da Misericórdia em Guayaquil, no Equador.
Com a chegada de um papa argentino, a agenda pontifícia mudou. Como lembrou Carriquiry, “nunca se havia visto que em apenas dois anos todos os presidentes da América Latina tenham vindo visitar o papa, e alguns até várias vezes”.
“O Santo Padre recebe os presidentes com uma grande cordialidade e tenta estabelecer com eles uma relação pessoal, de coração a coração”, garantiu.
“Embora certamente falem dos grandes problemas de ordem nacional, latino-americana e mundial, penso que o papa quer mesmo é que se estabeleça uma relação pessoal de transparência, de sinceridade, para compartilhar o mais profundamente possível as preocupações”, acrescentou. EFE
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