Vázquez e Lacalle afinam estratégias para o segundo turno no Uruguai

  • Por Agencia EFE
  • 28/10/2014 21h19

Jorge Figueroa.

Montevidéu, 28 out (EFE).- Os dois candidatos presidenciais mais votados no domingo passado no Uruguai, Tabaré Vázquez e Luis Lacalle Pou, estão concentrados agora em definir suas estratégias para o segundo turno das eleições marcado para o dia 30 de novembro.

“Estamos contentes, as coisas saíram bem, mas não há muito tempo para comemorar”, disse à Agência Efe um colaborador muito próximo de Vázquez, que em 2005 se tornou o primeiro presidente de esquerda na história do Uruguai e agora tenta voltar à presidência para o período 2015-2020.

O candidato da Frente Ampla (FA) somou 47,9% dos votos e esteve perto de superar os 50% necessários para vencer no primeiro turno.

O resultado de domingo deixou Vázquez muito bem posicionado, tanto que o sociólogo Eduardo Botinelli, diretor da empresa pesquisadora Factum, afirmou que o segundo turno se transformou em “um mero trâmite”.

Além disso, a FA, uma coalizão de partidos de esquerda que chegou ao poder pela primeira vez em 2005 com Vázquez, conseguiu no domingo manter a maioria na Câmara dos Deputados, algo que nenhuma pesquisa previu.

Se Vázquez e seu companheiro de chapa, Raúl Sendic, vencerem as presidenciais, a FA será também majoritária no Senado graças ao fato de o vice-presidente no Uruguai ser ao mesmo tempo presidente da câmara alta com voz e voto.

Após uma “comemoração comedida” por estes resultados, Vázquez se reuniu na segunda-feira com seus assessores mais próximos para “começar a delinear” a nova campanha para o segundo turno, que “não terá grandes mudanças” em relação ao primeiro, destacaram as fontes.

A princípio se “insistirá” nas ideias que o Uruguai está “muito melhor” que há dez anos, quando a FA chegou pela primeira vez ao poder, na necessidade de “completar a tarefa” e na “experiência e confiança gerada por Tabaré”, acrescentaram.

Vázquez, oncologista de 74 anos, consegue alinhar por trás de sua figura a dúzia de partidos que integram a coalizão de esquerda, além das diferenças internas.

Pelo desgaste gerado pela campanha para as eleições deste domingo, Vázquez e Sendic percorrerão o país nas próximas semanas, mas com uma agenda menos intensa.

Por outro lado, para Lacalle Pou, candidato do Partido Nacional (PN), o principal da oposição, a tarefa não se apresenta simples.

O PN passou da euforia nos dias prévios ao pleito, quando as enquetes inclusive assinalavam um empate técnico com Vázquez, à dura realidade de ficar longe da FA com 30,9% dos votos.

Embora os “brancos”, como são chamados, tenham melhorado sua presença no futuro parlamento e terão um senador (10 no total) e dois deputados (32) a mais que agora, seu reduzido apoio eleitoral em comparação com a coalizão de esquerda parece afastá-los da presidência.

Lacalle Pou, de 41 anos, analisou ontem os resultados das urnas com o candidato à vice-presidência Jorge Larrañaga, alguns dos principais dirigentes do Partido Nacional e assessores.

No encontro ficou claro que o próprio candidato presidencial será o encarregado de “conversar e estender pontes” com os líderes dos outros partidos, destacou o presidente do Diretório do PN, o senador Luis Alberto Heber.

A ideia é “buscar pontos de encontro” que permitam “somar ao projeto de mudanças” impulsionado pelos nacionalistas, disse Heber em declarações à imprensa local.

Lacalle Pou, advogado e filho do ex-presidente Luis Alberto Lacalle Herrera (1990-1995), antecipou que nesta quarta-feira deve anunciar, junto a Larrañaga, suas principais linhas de ação para o segundo turno.

O candidato nacionalista afirmou que sua esperança de chegar ao poder está “intacta” e, em mensagem de agradecimento aos que lhe apoiaram nas urnas no domingo, disse que buscará acordos “com os partidos menores” sem “desapegar-se” de seus ideais.

Lacalle Pou já conseguiu o apoio do derrotado candidato do Partido Colorado, Pedro Bordaberry, que obteve 12,9% dos votos, mas mesmo assim os números jogam contra sua candidatura.

A possibilidade que os simpatizantes do democrata-cristão Partido Independente e do radical de esquerda Unidade Popular, que obtiveram 3% e 1,2% dos votos, respectivamente, apoiem o aspirante do Partido Nacional no segundo turno parece como muito remota.

Ambos partidos são liderados por dirigentes que no passado fizeram parte da Frente Ampla e saíram por divergências, mas igualmente aparecem como mais próximos à coalizão de esquerda ou inclusive a manter-se à margem da decisão. EFE

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