Vencedor do Nobel da Paz critica postura de Obama em relação à Venezuela

  • Por Agencia EFE
  • 09/04/2015 21h52
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Julio César Rivas.

Cidade do Panamá, 9 abr (EFE).- O ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz em 1980, se mostrou crítico ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, por sua política em relação à Venezuela, em entrevista nesta quinta-feira à Agência Efe, na qual aplaudiu sua decisão de abrir o diálogo com Cuba.

Pérez Esquivel participou hoje da abertura da Cúpula dos Povos na capital panamenha, a reunião alternativa das organizações sociais do continente americano à Cúpula das Américas que começa amanhã com a presença, entre outros, de Obama e do presidente cubano, Raúl Castro.

Na entrevista à Efe, o ativista argentino reconheceu que estava preocupado com a Venezuela, depois que em março o presidente Obama assinou uma ordem executiva que declara o país sul-americano uma “ameaça” para poder impor sanções contra funcionários de Caracas.

“Sim, claro (que estou preocupado). Os Estados Unidos não têm direito a fazer isto com a Venezuela e tentar desestabilizar governos. Aí não podemos estar de acordo com Obama. Temos que saber diferenciar o joio do trigo”, declarou Pérez Esquivel.

“O melhor que Obama fez foi abrir esta passagem com Cuba. Mas não fechou a prisão de Guantánamo, não terminou as guerras no Oriente Médio. Mas nisto, é preciso apoiá-lo. Aliás, também houve uma boa participação do papa Francisco para esta aproximação entre Cuba e os EUA”, comentou.

Sobre a possível reunião entre Obama e Castro, o Nobel da Paz argentino assinalou que o importante é a presença de Cuba no processo da Cúpula das Américas e a abertura do diálogo entre Washington e Havana.

“O que se queria conseguir já se conseguiu. Esta abertura, o diálogo, tentar superar as diferenças. E é um sinal de que algo está mudando nos Estados Unidos. E que hoje se dá a Cuba o lugar que lhe corresponde”, explicou.

Pérez Esquivel se declarou “otimista por natureza”, mas também expressou sua preocupação pela situação da democracia em geral.

“Sempre sou otimista por natureza. Muitas vezes minhas viagens me levam a guerras, a zonas de conflito, no Oriente Médio, África, América Latina (houve muitos conflitos em nosso continente), e sempre vi um sorriso”, contou.

“E se há um sorriso, há uma esperança. Não uma esperança vazia, mas de reconstrução, de fortalecimento dos povos. E assim vamos avançando. Não se deve desesperar”, completou. EFE

jcr/rsd

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