Vendas no comércio têm a maior queda desde 2003

  • Por Agencia EFE
  • 14/04/2015 12h13

Rio de Janeiro, 14 abr (EFE).- O volume de vendas dos comerciantes brasileiros reduziu 3,1% em fevereiro frente ao mesmo mês de 2014, sua maior queda nesta comparação em pouco mais de 14 anos, informou nesta terça-feira o governo.

É o pior resultado na comparação com o do mesmo mês do ano anterior desde agosto de 2003, quando havia sido registrado uma queda de 5,7%.

Os técnicos do organismo atribuíram a baixa do consumo à inflação, que nos últimos 12 meses acumulou seu maior alta em 12 anos (8,3%), às restrições ao crédito da elevação dos juros e à queda da renda dos trabalhadores.

“O comércio reflete o consumo das famílias. O que influencia no consumidor é renda, preço e crédito. A massa salarial se reduziu 1,5% nos últimos 12 meses e o crédito caiu”, explicou a economista Juliana Vasconcellos, responsável pelos estudos sobre o comércio no varejo do IBGE.

O consumo das famílias, que durante anos foi o principal motor da economia brasileira, sofreu uma desaceleração nos últimos meses, o que provocou uma estagnação da maior economia da América Latina.

De acordo com o Instituto, após ter aumentado 0,8% em janeiro frente a dezembro, as vendas caíram 0,1% entre janeiro e fevereiro.

O volume de vendas acumulado no primeiro bimestre do ano foi 1,2% inferior ao dos dois primeiros meses de 2014, embora o acumulado nos últimos 12 meses até fevereiro registrou uma alta de 0,9% na comparação com o registrado entre março de 2013 e fevereiro de 2014.

Segundo as estatísticas divulgadas hoje, a queda das vendas em fevereiro em comparação com o mesmo mês do ano passado foi impulsionada pelo mau desempenho dos setores de móveis e eletrodomésticos, com uma baixa de 10,4%, e de combustíveis e lubrificantes (-10,4%), embora também caíram as vendas de alimentos e bebidas (-1,8%), têxteis, confecções e calçados (-7,3%) e livros e jornais (-5,3%).

O Instituto atribuiu a forte queda das vendas de móveis e eletrodomésticos à decisão do governo de eliminar os incentivos fiscais que tinha oferecido no ano passado para ajudar este setor a enfrentar a crise.

Entre os setores nos quais houve um aumento do volume de vendas em fevereiro frente ao mesmo mês do ano passado destacaram-se o de artigos de uso pessoal e doméstico (+3,0%), artigos farmacêuticos e médicos (+3,2%) e equipamentos para escritório e informática (+8,4%).

O resultado do comércio em fevereiro se soma a outros indicadores negativos que acenderam um alerta sobre a situação da economia.

O governo informou recentemente que a economia do país só cresceu 0,1% no ano passado e os economistas dos bancos prevêem que o Brasil sofrerá uma contração de 1% neste ano.

O Executivo brasileiro anunciou um profundo ajuste fiscal, com a redução de incentivos fiscais e a corte de gastos, para fazer frente a essa conjuntura negativa provocada pela estagnação econômica, a alta da inflação, a escalada do dólar a seu maior valor em uma década, o déficit recorde nas contas públicas no ano passado e o aumento do desemprego. EFE

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