“Vender ilusões não vai estabelecer confiança”, diz ex-ministro sobre economia

  • Por Jovem Pan
  • 11/08/2014 14h09
Rubens Ricupero, embaixador e ex-ministro da Fazenda no governo Itamar, durante entrevista na Faculdade de Economia da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo (SP). (São Paulo (SP). 23.01.2008. Foto de Raimundo Pacco/Folhapress) Raimundo Pacco/Folhapress Rubens Ricupero

Em entrevista a Denise Campos de Toledo, Rubens Ricupero, embaixador, ex-ministro da Fazenda e diretor da Faculdade de Economia na FAAP, avaliou a atual política econômica e o discurso otimista do governo, que contrasta com as dificuldades do país.

Para ele, a inflação alta não se contrapõe a um alto crescimento da economia, como geralmente acontece em outros países. Ou seja, ficamos com os dois lados negativos da moeda.

“Nós estamos no meio de uma campanha e a presidente e o ministro da Fazenda têm negado a necessidade de um ajuste importante”, critica o ex-ministro, lembrando da necessidade do ajuste nas tarifas da gasolina e do transporte, por exemplo, e não só da energia, como foi feito. “Quando eles (membros do Governo) se pronunciam, eles procuram se posicionar, como uma espécie de bandeira contra a oposição”, diz.  “Isso causa muita interrogação”, diz. Não se sabe se é uma tática eleitoral, em que se “engana” as pessoas para manter o cargo eletivo, interroga o entrevistado.

“Há uma dúvida razoável se, depois das eleições, o Governo vai querer dobrar a aposta ou mudar de comportamento”, prevê Ricupero. Se não houver mudanças na postura do Governo, “nós vamos ter uma piora gradual”, que pode levar até à recessão em 2015, projeta. Nesse estado negativo, até dados positivos do emprego e os salários (aquilo que o Governo procura preservar) vão acabar, se a economia entrar numa crise, explica.

Ricupero estabelece ainda de um ano a um ano e meio para a economia brasileira voltar a crescer, caso as medidas necessárias forem adotadas. Mas assume que “estamos em uma fase em que é muito difícil fazer prognósticos”.

“Não é na base de querer vender ilusões que se vai estabelecer a confiança”, conclui.

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