Venezuela defende direito de exercer presidência do Mercosul

  • Por Estadão Conteúdo
  • 02/08/2016 12h54
Reprodução/Flickr Placa com o nome do Mercosul; bandeiras dos países do bloco aparecem abaixo Mercosul

A Venezuela exercerá plenamente a presidência temporária do Mercosul, afirmou a ministra das Relações Exteriores do país, Delcy Rodríguez, enquanto persistem os questionamentos de alguns membros à posse do país na presidência rotativa do bloco.

“A Venezuela exercerá plenamente o que lhe corresponde por direito”, afirmou, na noite de segunda-feira, 1, a ministra. Horas antes, o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Eladio Loizaga, descartou que o governo de Assunção vá respaldar a decisão do país caribenho, que, na avaliação de Loizaga, teria se autoproclamado na presidência do Mercosul.

O anúncio da Venezuela de assumir a presidência por seis meses do Mercosul, após, em 29 de julho, o Uruguai comunicar que deixaria o posto, gerou o rechaço de alguns membros, entre eles o Brasil, que convocaram reunião nesta semana para analisar o caso. De acordo com o regulamento do grupo, a presidência deve ser transferida de país para país a cada seis meses por ordem alfabética.

A ministra disse, em entrevista à cadeia regional Telesur, que, se a Venezuela não assume seu direito, “estaríamos em uma espécie de limbo onde ninguém sabe que norma se respeitar ou o que fazer”.

Rodríguez disse que a postura contra a Venezuela “busca revitalizar um Plano Condor”, a operação executada nos anos 1970 e 1980 por regimes ditatoriais do Cone Sul para a coordenação de ações repressivas. “Pretendem voltar ao passado, a essa época obscura na qual violentaram os direitos humanos de nossos povos”, acrescentou ela.

A ministra questionou a posição da ministra das Relações Exteriores argentina, Susana Malcorra, e disse que preocupa sua atitude “ao desconhecer as normas e tratados do direito internacional”.

Loizaga afirmou anteriormente que a passagem da presidência do Mercosul “deve se fazer por consenso de seus cinco membros com a presença dos mandatários”, não por meio de uma comunicação como fez Caracas. “Há uma lacuna jurídica. A Venezuela se autoproclama e essa figura não existe nos regulamentos”, disse o chanceler paraguaio.

No fim desta semana, devem se reunir diplomatas de Argentina, Brasil e Paraguai para analisar a situação, afirmou o funcionário.

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