Venezuela rejeita declarações “intervencionistas” de Kerry

  • Por Agencia EFE
  • 08/05/2014 02h33

Caracas, 7 mai (EFE).- O governo venezuelano rejeitou as declarações “intervencionistas” do secretário de Estado dos estados Unidos, John Kerry, que nesta quarta-feira garantiu que seu país está “profundamente preocupado” com a Venezuela, ao reiterar seu apoio ao diálogo entre governo e oposição no país sul-americano.

Através de um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela rejeitou hoje “as declarações intervencionistas do Secretário de Estado John Kerry, que pretendem condicionar a posição soberana do governo Bolivariano e interferir no desenvolvimento do processo de diálogo entre governo e oposição, a iniciativa do presidente Nicolás Maduro”.

Na nota, o Ministério afirmou que “estas reiteradas declarações” de porta-vozes dos EUA “servem para incentivar os setores mais reacionários da oposição a prolongarem suas ações violentas à margem da Constituição”, em referência aos protestos antigovernamentais que vem ocorrendo no país desde fevereiro.

Além disso, o texto diz que as declarações de Kerry, “além de refletirem um profundo desconhecimento da realidade venezuelana, constituem uma insolência contra a participação da Unasul e da Santa Sé no processo do diálogo nacional de paz”, iniciado no dia 11 de abril.

“Surpreende que, com essas declarações, o governo americano estaria considerando como formas legítimas de protesto a queima de universidades e caminhões de alimentos, assim como o vandalismo contra instituições públicas e, inclusive, o assassinato de cidadãos inocentes”, segundo o comunicado.

O governo de Nicolás Maduro reiterou no texto que continuará apostando no diálogo, “sem intromissões por parte de nenhum ator externo” e reforçou seu agradecimento aos países-membros da Unasul e ao Núncio Apostólico do Vaticano, “por suas contribuições respeitosas e solidárias neste processo”.

Kerry disse hoje que está “profundamente preocupado” com a situação de “deterioração” na Venezuela durante a conferência anual do Departamento de Estado sobre as Américas e que reúne altos funcionários americanos e representantes da região.

O chefe da diplomacia americana afirmou que o povo venezuelano é quem deve decidir sobre o futuro do país, mas insistiu que os manifestantes nas ruas têm “queixas legítimas” das quais é preciso dar uma resposta.

Reforçou, além disso, seu apoio ao diálogo entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição, que conta com os bons ofícios do Vaticano e da Unasul como facilitadores.

Por sua vez, a secretária de Estado adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson, afirmou na conferência que o diálogo em andamento na Venezuela é “positivo” e tem uma “importância crucial”, mas insistiu que deve conseguir “mais avanços” e “uma redução da violência nas ruas”.

A secretária adjunta pediu, além disso, a libertação das pessoas que permanecem presas por “motivos políticos” e que, disse, não deveriam nunca ter sido detidas.

Os comentários de Kerry e Roberta chegaram depois que Maduro disse na terça-feira que, se os EUA decidirem aplicar sanções contra seu país, a Venezuela responderá “com firmeza”, assim como pediu que o presidente americano, Barack Obama, aceitasse um embaixador venezuelano e falasse de um “novo relacionamento” bilateral em paz. EFE

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