Vera pede aumento para “deficiente” financiamento público da Agência Efe
Madri, 20 ago (EFE).- O presidente da Agência Efe, José Antonio Vera, lamentou nesta quinta-feira o “deficiente” financiamento pública da empresa, que desde 2012 sofreu um corte de 20%, e pediu um aumento do contrato de serviços com o Estado, que é “menor” do que o recebido pela menor rede de televisão autônoma da Espanha.
Em pronunciamento hoje na Comissão de Orçamentos do Congresso dos Deputados, Vera agradeceu aos parlamentares e ao governo pelo “apoio permanente” que prestam à agência pública e a “consideração” que têm com seus profissionais, mas reiterou a valorização do trabalho da Efe como serviço público espanhol.
“Procederia, de acordo com a legislação europeia, a consideração do contrato de serviços com o Estado como serviço público, que permita um financiamento estável – o que agora não ocorre – tanto para a atividade informativa diária como para suas necessidades de atualização tecnológica e implantação global como maior agência de notícias do mundo em idioma espanhol”, frisou.
A Agência Efe receberá em 2016 38 milhões de euros do Estado, um orçamento que, pelo terceiro ano consecutivo, está congelado e que é, segundo ele, “quatro ou cinco vezes menor” do que o das grandes corporações de televisões regionais.
Ainda de acordo com Vera, esse panorama obriga a Efe a ter que aumentar as vias de receitas próprias porque a verba estatal representa apenas 40% do orçamento total, e é preciso buscar os 60% restantes em gestão comercial no mercado privado.
Vera destacou que, apesar dos “fortes efeitos” da crise, a Efe “concentrou seus esforços” em melhorar as receitas e despesas da agência, que aumentou as vendas no mercado externo em 34,2%, percentual concentrado nas Américas, especialmente no Brasil e em Colômbia, Argentina e México.
Foram abertas, além disso, novas linhas de negócios, como produção sob demanda ou licitações, foram consolidados os portais verticais e foi possível que o Efeagro lucrasse pelo segundo ano consecutivo. O Efeagro, que conta com participação da Efe, é uma agência de informações agroalimentares que em 2015 completa 25 anos.
Entre os novos projetos para potencializar o serviço exterior da Efe, Vera ressaltou o plano de desenvolvimento comercial iniciado na Ásia, que permitirá à Agência chegar a 300 novos clientes nesse continente, onde sua presença “tinha sido até agora presencial ou nula”.
“A Efe pode se transformar, e isso tentamos, em uma agência multimídia internacional com cobertura e difusão global, algo absolutamente histórico”, ressaltou Vera, que detalhou que este projeto faz parte da estratégia de potencializar o serviço em inglês da Agência.
Em relação aos custos, o presidente da Efe disse que houve “grandes reduções sem que a qualidade do serviço informativo fosse afetada”, e que os custos de pessoal, que representam praticamente 70% dos totais da empresa, foram cortados “em quase 20% graças, em boa parte, ao ERE (Expediente de Regulação de Emprego) realizado desde outubro de 2012”.
Segundo Vera, foi possível diminuir o quadro de funcionários em mais de 15% e economizar aproximadamente 28%.
Vera, que assumiu a presidência da Agência Efe em fevereiro de 2012, lembrou também que no ano passado a Efe comemorou seu 75º aniversário com exposições na Espanha e nas Américas, com diversos atos e eventos, o que coincidiu com a mudança de sede após 30 anos na rua Espronceda, em Madri.
Estas iniciativas, de acordo com ele, terão continuidade com a abertura do Museu Efe, que além de contar em fotos e vídeos a história da agência, da Espanha e do mundo, pretende ser “um centro de encontro da profissão jornalística”.
O deputado socialista Germán Rodríguez reivindicou um Estatuto para a Agência porque considera “urgente e necessário” que o parlamento regule e controle o serviço público da Efe, um tema com o qual Vera se mostrou “encantado”, embora tenha ressaltado que não “corresponde” a ele abordar esse assunto.
Em relação à “redução contínua” que a Efe sofre há três anos, Rodríguez concordou com Vera que o contrato de serviços com o Estado está “subvalorizado” e disse considerar que “os orçamentos da bonança não chegaram à Efe, ficou perto, mas não (a) alcançou”.
Por sua vez, o deputado do Partido Popular Ramón Moreno afirmou que a Agência Efe tem “um saldo muito favorável com rigor, compromisso e transparência” e elogiou seu trabalho “em momentos tão complicados e difíceis” como os vividos nos últimos anos de crise.
Moreno perguntou a Vera sobre as contas finais deste ano e possíveis novas economias, e o presidente respondeu que, apesar de ser previsto um prejuízo de 8,8 milhões de euros, será feito um esforço para que o número fique em 7 milhões, mas com uma redução do endividamento de 4,5 milhões de euros. EFE
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