Vice-presidente cubano diz ser “inadmissível” dividir fórum com “mercenários”

  • Por Agencia EFE
  • 08/04/2015 21h14
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Havana, 8 abr (EFE).- O vice-presidente cubano Miguel Díaz-Canel afirmou que para Cuba é “inadmissível” compartilhar espaços de debate nos fóruns sociais da Cúpula das Américas, que começaram nesta quarta-feira com dissidentes, que classificou como “representantes não legítimos” da sociedade civil cubana e “mercenários do império”.

O “número 2” do governo cubano fez essas declarações nesta quarta-feira, em Havana, enquanto a delegação oficial cubana que participa dos fóruns sociais prévios à cúpula no Panamá abandonou a sessão inaugural diante da presença de dissidentes.

Díaz-Canel falou com a imprensa após um ato em que Cuba entregou a funcionários da Venezuela os livros de assinaturas de cubanos em solidariedade com o parceiro bolivariano devido às sanções dos EUA, com mais de 3,039 milhões apoiadores.

“Vamos participar com uma delegação presidida pelo general do exército Raúl Castro, com a presença de representantes legítimos de nossa sociedade civil”, disse o vice-presidente.

O representante cubano ressaltou que Cuba participa pela primeira vez da Cúpula das Américas, com “um diálogo construtivo e de respeito”, sem buscar “nenhum tipo de problema ou ofensa”.

Díaz-Canel afirmou que as mais de 3 milhões de assinaturas em solidariedade à Venezuela “não são um fato isolado, nem algo que possa assustar”, já que os dois países estão unidos por uma “irmandade e comprometidos com as causas não apenas de seus povos e revoluções, mas de toda a América Latina e o Caribe”.

O vice-presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos (ICAP), Fernando González, entregou ao diretor do Partido Socialista Unido da Venezuela, Jorge Rodríguez, o livro de assinaturas recolhidas na ilha entre os dias 3 e 8 de abril para rejeitar o decreto do presidente americano, Barack Obama, que classificou o país sul-americano como uma ameaça para os EUA.

“Se agredirem a Venezuela, estão agredindo Cuba. E Cuba sempre estará ao lado da Venezuela, acima de todas as coisas”, ressaltou Díaz-Canel, que negou que o processo de restabelecimento de relações diplomáticas iniciado pelo governo da ilha com os EUA possa condicionar o apoio à “irmã República Bolivariana da Venezuela”.

O vice-presidente cubano defendeu que o processo para o restabelecimento e normalização das relações com os EUA “é um caminho longo” porque “há muitas coisas a serem resolvidas”.

“Foi uma relação muito assimétrica em muitos anos, onde a assimetria certamente foi imposta pelo governo dos EUA, que aplicou políticas discriminatórias, genocidas e de bloqueio contra Cuba”, acrescentou.

O representante ressaltou que a etapa de restabelecimento tem a ver com a saída de Cuba da lista americana de países patrocinadores do terrorismo, assim em como solucionar a situação financeira da missão cubana em Washington.

Também considerou necessário para o restabelecimento de relações e abertura de embaixadas “uma mudança de atitude” dos diplomatas americanos em Cuba, que “transformaram o Escritório de Interesses em um centro de subversão político-ideológica contra o país e as relações”.

O vice-presidente cubano afirmou que “não pode haver uma normalização de relações com os EUA se não foi suspenso o injusto bloqueio” que causou danos materiais, econômicos e humanos a Cuba.

Nessa fase também foi incluída a devolução do território que ocupado pela base naval dos EUA na província cubana de Guantánamo, assim como a cessação de transmissões de rádio e televisão ilegais para a ilha e uma compensação ao povo cubano pelos danos ocasionados pelo bloqueio.

Díaz-Canel avaliou o processo de maneira “positiva” e afirmou que Cuba tem “toda a intenção de avançar”, mas alertou que “por ser algo complexo, vai demorar um tempo”. EFE

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