Vice-presidente da Argentina depõe na Justiça e nega acusações de corrupção

  • Por Agencia EFE
  • 09/06/2014 18h20

Buenos Aires, 9 jun (EFE).- Recebido por centenas de militantes kirchneristas, o vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, defendeu nesta segunda-feira sua inocência antes de prestar depoimento como acusado de envolvimento em um caso de corrupção que pode destruir sua carreira política.

Acusado de supostas negociações incompatíveis com a função pública, Boudou se transformou no primeiro vice-presidente argentino em atividade a comparecer como acusado perante a Justiça.

Amado Boudou, que em sua condição de vice-presidente do governo é também titular do Senado, chegou ao Tribunal para ser indagado pelo juiz Ariel Lijo na causa que investiga a suposta compra ilegal de uma empresa que imprime papel-moeda para o Estado quando era ministro da Economia (2009-2010).

O auto de citação do juiz o acusa de ter comprado, através de testas-de-ferro e junto ao empresário José María Núñez Carmona, aparentemente seu amigo, a empresa Ciccone Calcográfica, que tinha contratos com o Estado.

O vice-presidente, que atribuiu as acusações a uma campanha orquestrada por meios de comunicação opostos ao governo, insistiu hoje em pedir ao juiz que permitisse a gravação de seu depoimento com uma câmera e falasse ba presença de um taquígrafo do Senado no julgamento como “ato de defesa”, pedido que foi rejeitado pelo magistrado.

“Estou muito tranquilo. Tenho confiança em tudo o que fiz e em tudo o que vou seguir fazendo”, disse Boudou aos jornalistas que o esperavam na porta de sua casa antes de se dirigir aos tribunais.

O vice-presidente afirmou que espera que com seu depoimento possa “começar a revelar toda a verdade” e insistiu que não tem “nenhuma estratégia” e que “poderia não ter ido” e “ter respondido por escrito”.

Em frente ao tribunal, centenas de militantes kirchneristas, em sua maioria conduzidos por agrupamentos governistas de municípios próximos a Buenos Aires, esperavam sua chegada com cartazes com mensagens como “Força, Amado” e inclusive um telão onde foram projetadas declarações de Boudou a meios de comunicação próximos ao governo.

“Pessoalmente acredito na inocência do vice-presidente, mas antes de tudo viemos apoiar a independência da Justiça”, declarou à Agência Efe Emmanuel Tusinski.

Já Rodrigo Claramonte se apresentou nas portas dos tribunais para apoiar o vice-presidente “independentemente do processo judicial” frente à “manipulação dos meios de comunicação que tentam guiar a opinião pública”.

“Isto vai servir para provar que ele realmente é inocente e que foi infelizmente uma operação política”, comentou à Efe Gabriel Corizzo, que se identificou como militante do projeto kirchnerista.

O chefe de Gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, se referiu hoje ao caso para pedir que seja respeitado “o devido processo” judicial.

“Muitas vezes a mídia gera pré-julgamentos, julgamentos, julgamentos sumaríssimos, condenações e sentenças. Isso não é apropriado em um sistema republicano “, ressaltou Capitanich em sua entrevista coletiva diária.

Boudou, de 51 anos, deixou a pasta de Economia após as eleições de 2011 para ocupar a vice-presidência, mas as denúncias por seu envolvimento em escândalos de corrupção ofuscaram sua carreira e fizeram com que a presidente Cristina Kirchner o colocasse em um discreto segundo plano. EFE

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