Violência e possibilidade de fraudes preocupam eleitores no Afeganistão
Fawad Waziri.
Cabul, 3 abr (EFE).- Os recentes ataques em Cabul, as ameaças de violência por parte dos talibãs e a possibilidade de fraudes são preocupações para os eleitores às vésperas do pleito geral no Afeganistão, que acontece neste sábado.
A segurança na capital afegã é visível, com vários policiais e soldados nas ruas, algumas delas fechadas, além da presença de postos de controles nos quais veículos são checados em busca de bombas.
O Ministério da Defesa anunciou recentemente que disponibilizou 95 mil soldados das forças armadas e 48 mil policiais em todo o país para proteger as eleições. Os talibãs anunciaram há poucas semanas uma sabotagem ao pleito com ataques a centros de votação e membros das forças de segurança. Os insurgentes consideram que “é uma obrigação religiosa para cada afegão impedir o último complô dos invasores”, como consideram as eleições.
No final de março, os talibãs atacaram em duas ocasiões com uma diferença de quatro dias as sedes sociais da Comissão Eleitoral Independente (IEC) do Afeganistão em Cabul, o que causou a morte de 15 pessoas, entre elas três civis e dois policiais.
Os talibãs advertiram à população que não participem das eleições, especialmente nas zonas rurais.
A violência levou os candidatos a realizar comícios apenas nas cidades de um país majoritariamente rural. Além disso, aumentaram os ataques contra organizações estrangeiras ou lugares frequentados por estrangeiros, em uma tentativa de manter a comunidade internacional à margem do processo eleitoral.
Na última sexta-feira, sete pessoas, entre elas uma menina de 10 anos, um motorista e cinco talibãs, morreram em um ataque suicida a uma casa de hóspedes de uma ONG estrangeira em Cabul. Em março, o jornalista sueco Nils Horner foi assassinado a tiros em Cabul, e 13 pessoas morreram, entre elas duas crianças, quatro mulheres e vários estrangeiros, em um ataque ao Hotel Serena, um dos mais protegidos da capital afegã.
Em meados de janeiro, 21 pessoas, entre elas 13 estrangeiros, morreram em um atentado a um restaurante frequentado por ocidentais no centro de Cabul. Este foi um dos ataques com um maior número de vítimas de outros países.
Enquanto os talibãs aumentam o número de ataques e ameaças, ativistas pedem que a população vote em massa para mostrar força e união frente aos radicais.
“Devemos nos preparar para fazer sacrifícios em busca de um futuro melhor e de resgatar uma geração da crise atual”, disse recentemente em entrevista coletiva o presidente da Rede de Jovens pela Mudança, Sangar Amirzada.
Junto com a violência, o medo de possíveis fraudes eleitorais é a maior preocupação dos afegãos no pleito.
Os entrevistados em uma recente pesquisa da Fundação Eleições Livres e Limpas do Afeganistão afirmaram que a venda de votos por parte dos chamados “senhores da guerra” e o papel de líderes locais que influenciam os votos em seus redutos são as principais causas de fraudes.
Na pesquisa, também foram lembradas as acusações de fraude em pleitos anteriores. As últimas eleições gerais realizadas no país, em 2009, foram marcadas pela falta de segurança, uma baixa participação, pouco conhecimento do processo entre a população e acusações de fraude e intimidação.
Apesar disso, 75% dos afegãos que participaram da pesquisa afirmaram que querem votar. EFE
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