Visitantes conhecem terror sofrido pelos que tentavam cruzar o Muro de Berlim

  • Por Agencia Brasil
  • 09/11/2014 12h45

A última das 17 prisões comandadas pela Stasi, a polícia secreta da República Democrática da Alemanha, permanece com as instalações preservadas na região leste de Berlim. Na celebração dos 25 anos da queda do muro que dividiu a cidade nos anos de guerra fria, o lugar, que recebeu 385 mil visitantes em 2013, é uma das principais atrações de turistas que querem conhecer os horrores vividos pelos prisioneiros políticos do regime comunista.

Nossa reportagem embarcou em uma das visitas guiadas. Na parte externa, muros altos, arame farpado e bases de vigilância deixam claro que se trata de uma prisão. Mas nosso guia garante que, à época, não era possível ter acesso visual ao prédio e ninguém sabia o que estava acontecendo ali. “Esses eram locais secretos. O encarceramento e a tortura existiam, as pessoas tinham uma ideia disso, mas ninguém sabia exatamente para onde essas pessoas eram levadas”, conta ele.

A área, que originalmente abrigava uma cozinha industrial, foi tomada pelos soviéticos em 1945, logo após o fim da 2ª Guerra Mundial, e transformada em campo de concentração. Mais de 20 mil prisioneiros foram levados para o lugar e submetidos a condições desumanas. Em 1947, o campo foi desativado e o primeiro prédio da prisão foi construído; um porão, com 68 celas. Cada cela abrigava de quatro a até 20 prisioneiros. Eles dormiam em uma cama conjunta de madeira. O lugar não tinha janela, apenas uma pequena entrada de ar. Uma lâmpada, com luz fraca, ficava acesa 24 horas por dia.

A população da prisão era composta, principalmente, por cidadãos que queriam deixar a Alemanha Oriental ou que discordavam, de alguma forma, do regime comunista. Supostos nazistas, políticos simpatizantes de partidos democráticos e desertores do Exército também eram levados para o local. “Ali, as pessoas viviam todo tipo de tortura psicológica e, às vezes, física também. Por meio de longos interrogatórios e ameaças, elas eram forçadas a assinar confissões de crimes que não tinham cometido”, relembra o guia.

Em 1951, o segundo prédio foi construído, com 106 celas e 120 salas de interrogatório. Os detidos eram obrigados a dormir de modo que os guardas pudessem observar seus rostos. Quem desobedecesse, era acordado por uma sirene e ordenado a retomar a posição. No porão do prédio, salas com isolamento acústico e sem iluminação abrigavam, temporariamente, prisioneiros descontrolados ou que estivessem fazendo muito barulho.

De 1951 a 1989, mais de 11 mil pessoas passaram pela prisão. Algumas permaneciam por semanas, meses ou anos. Outras, morreram nas celas, sonhando com a liberdade. Apenas em dezembro de 1989, um mês depois da queda do Muro de Berlim, o último prisioneiro foi libertado. No ano seguinte, a prisão fechou as portas. Era o fim de quatro décadas de repressão e tortura, cujas marcas ainda estão vivas na memória de quem viveu aquela época.

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