Viúva de ex-espião russo assassinado enaltece trabalho da Justiça britânica

  • Por Agencia EFE
  • 31/07/2015 12h37

Londres, 31 jul (EFE).- A viúva do ex-espião russo Alexander Litvinenko, envenenado com polônio-210 em Londres em novembro de 2006, afirmou nesta sexta-feira que a Justiça britânica descobriu “a verdade” sobre o assassinato e voltou a responsabilizar o governo de Moscou.

Marina Litvinenko se pronunciou horas antes de o juiz Robert Owen, que conduz a investigação pública, encerrar o caso hoje em Londres com as alegações finais.

“Estou muito, muito feliz por tudo o que a investigação poderá revelar, para que todo o mundo possa ouvir (o juiz), ver e analisar (suas conclusões), mas estou encantada, sobretudo, pelo fato de as pessoas ainda estarem interessadas depois de mais de nove anos”, disse a viúva aos jornalistas em frente ao tribunal.

Em relação ao suposto envolvimento do presidente russo, Vladimir Putin, na morte de seu marido, Marina disse que “após 15 anos no poder, ele é certamente o responsável por isso”.

Durante esta última audiência, o advogado da família Litvinenko, Ben Emmerson, também reiterou hoje que Putin é responsável pelo assassinato do ex-agente da KGB.

O advogado afirmou que o “assassinato” de Alexander Litvinenko teria sido “impossível” sem a aprovação do líder russo, a quem chamou de “autoritário” e “moralmente transtornado”.

Emmerson disse que Putin “ordenou pessoalmente” a execução de Litvinenko e acrescentou que a “responsabilidade” do Estado russo pela morte do ex-espião “é inquestionável”, de acordo com as “provas diretas e sólidas” apresentadas.

O representante legal da Polícia Metropolitana de Londres (MET), Richard Horwell, também declarou em uma de suas últimas intervenções que a Rússia “poderia estar por trás desta trama”, mas foi mais prudente e opinou que isso não significa que a ordem foi dada por Putin.

As autoridades britânicas acusam os ex-agentes russos Andrei Lugovoi e Dmitry Kovtun pelo assassinato. Os dois estavam com Litvinenko quando ele tomou o chá envenenado no hotel Millenium de Londres, no dia 1º de novembro de 2006, mas negam seu envolvimento e Moscou se recusou a extraditá-los.

Litvinenko, que foi envenenado em duas ocasiões com a substância radioativa polônio-210, morreu em 23 de novembro de 2006 aos 43 anos de idade.

A investigação judicial britânica pela morte do ex-espião começou no dia 27 de janeiro com a autorização do governo do primeiro-ministro, David Cameron, que tinha se negado a fazê-la, em um primeiro momento, por temer que isso pudesse prejudicar as relações do Reino Unido com a Rússia. EFE

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.