Vladimir Putin, o senhor dos anéis

  • Por Agencia EFE
  • 17/12/2014 06h29
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Ignacio Ortega.

Moscou, 17 dez (EFE).- Depois da febre das camisetas patrióticas com imagens de Vladimir Putin, a moda agora são os anéis com o rosto do presidente russo talhado em prata, o que mostra que o culto popular à personalidade do chefe do Kremlin não tem limites no país.

“As pessoas compram o anel não só porque ele tem a cara de Putin, mas porque o associam com a força e a recuperação do orgulho nacional”, disse à Agência Efe o autor da ideia, Gleb Krainik.

O anel, que custa 7,5 mil rublos (pouco mais de R$ 330) e pesa apenas 10 gramas, traz o rosto do presidente russo petrificado e desafiante, com o olhar fixo e o semblante sério.

Os 50 primeiros anéis já foram vendidos nos primeiros dias. O restante foi adquirido na página “putinversteher.ru” por compradores de todo mundo, inclusive dos Estados Unidos e da Argentina.

A primeira edição limitada de cem anéis não foi suficiente para atender à grande procura, por isso Krainik diz que irá produzir um novo lote após a virada do ano.

“Não esperava um interesse tão grande. Ainda estamos recebendo pedidos e cartas de pessoas de todas as idades e profissões. Fomos pegos desprevenidos, já que não achávamos que isso seria um negócio. Só queria fazer presentes para os amigos”, revelou.

Krainik, antigo membro do movimento Nashi (Nosso), que apoia Putin, reconhece que decidiu lançar a campanha motivado por uma “corrente patriótica que percorre a Rússia” desde a anexação da península da Crimeia em março.

“A Rússia se transformou neste ano em um país atrativo para todo o mundo, não só para os russos”, comentou o jovem, que decidiu gravar no anel a frase em alemão “Putinversteher”, que significa “Gente que entende Putin”.

Em apenas três meses, encorajado pela oposição à Rússia por seu papel no conflito no leste da Ucrânia, Krainik lançou o produto com a ajuda de um designer de joias.

Pensando no futuro, o jovem russo deixou as portas abertas para futuros projetos de relógios, braceletes, canetas e até pingentes com a imagem de Putin, no poder desde 1999.

Em relação às críticas sobre o risco de o culto à personalidade ao líder russo ser excessivo, como ocorreu durante o período soviético, Krainik argumenta que Putin é “muito modesto”.

“O patriotismo é bom quando é equilibrado. Minha esposa, minha mãe e todos os meus amigos o exercem, e ninguém os criticou por isso”, apontou.

Por causa da coincidência com a estreia do terceiro filme da saga de “Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”, alguns internautas russos já chamam o anel de Putin como o “um anel”, em clara alusão ao personagem de Sauron, que representa o mal na história criada pelo escritor britânico J.R.R. Tolkien.

Entre os famosos que já compraram o anel estão o diretor sérvio, Emir Kusturica, um reconhecido admirador do chefe do Kremlin, e o líder ultranacionalista russo, Vladimir Jirinovski.

A atual corrente patriótica foi impulsionada pelo próprio Putin, com seus constantes discursos sobre o amor à pátria e sobre como a Rússia não abandona seus compatriotas, em referência aos crimenianos da Ucrânia.

A primeira linha de camisetas patrióticas foi lançada em agosto, em um centro comercial da Praça Vermelha, com o objetivo de comemorar as recentes “vitórias russas”. Entre elas a reunificação da Crimeia e os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, onde os atletas do país lideraram o quadro de medalhas.

As estampas das camisetas variam. Em uma delas, Putin está com boné e uniforme da marinha russa. Em outra, de terno e gravata no Kremlin. Na terceira, o presidente russo anda a cavalo e usando óculos de sol.

Para promover os produtos, o ator americano Mickey Rourke foi convidado e não hesitou em mostrar seu corpo cheio de tatuagens para colocar a camisa em pleno centro comercial.

Outros famosos que exaltam publicamente Putin são o ator francês Gerard Depardieu, que recebeu recentemente cidadania russa, o também ator Steven Seagal e o jogador de basquete americano Dennis Rodman, que chamou o presidente nessa semana de um “cara genial”.

Segundo uma recente pesquisa publicada no país, apesar de a economia entrar em recessão no próximo ano, de acordo com o próprio governo, 58% dos russos querem que Putin governe até 2024. EFE

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