Votação antecipada para polícia e exército deixa 26 mortos no Iraque
Mohammed Siali.
Bagdá, 28 abr (EFE).- Pelo menos 26 membros das forças de segurança e militares iraquianos morreram nesta segunda-feira em ataques contra centros eleitorais durante o dia de eleição antecipada para polícia e o exército das eleições legislativas, disse à Agência Efe uma fonte do Ministério do Interior.
Além disso, outros 90 policiais e militares ficaram feridos, 40 deles em Bagdá, onde metade das vítimas morreu, acrescentou a fonte.
Os ataques desafiaram as eleições adiantadas que eram um teste de avaliação dos preparativos para a jornada eleitoral da próxima quarta-feira, quando a maior parte dos iraquianos foi convocada a participar das legislativas.
O chefe de comunicação na comissão eleitoral, Aziz al Jaikani, informou à Efe que a participação na jornada de hoje foi “massiva” e que aconteceu em um total de 742 seções eleitorais em todas as províncias do país.
Segundo a Efe constatou em algumas delas em Bagdá, como o instituto Al Nidamiya, perto da rua central de Al Saadún, a participação foi muito intensa.
Os serviços de segurança e militares de vários grupos fecharam as ruas que levam a esse colégio a uma distância de cerca de 200 metros, enquanto dezenas de seus colegas, a maioria uniformizada, chegavam para votar.
Cerca de 1 milhão de membros das forças policiais e do exército foi chamado às urnas para garantir a segurança dos centros eleitorais na próxima quarta-feira, quando a maioria dos iraquianos poderá exercer seu direito ao voto.
Além disso, foram convocados à votação de hoje em diante de 25 mil presos que têm seus direitos civis, 35 mil pacientes internados nos hospitais e um total de 26.350 cidadãos que foram obrigados a se deslocar pelo conflito nas províncias de maioria sunita, especialmente Al-Anbar (Oeste).
Desde muito cedo, foram vistas concentrações de soldados e de policiais em vários pontos da capital que esperavam os veículos, fortemente protegidos, para ir aos colégios eleitorais.
A TV estatal “Al Iraqiya” informou que o presidente iraquiano, Jalal Talabani, votou hoje na Alemanha, onde está para receber tratamento médico, já que ontem e hoje votaram também os iraquianos que estão no exterior.
Em Bagdá, os serviços de segurança não permitiram aos jornalistas credenciados para cobrir essas eleições entrar nas seções eleitorais hoje, salvo se possuíssem autorização prévia do exército.
A votação correu com “alta fluência”, explicou à Efe o membro da coalizão governante Daulat al Qanun (Estado de Direito), Abbas al Bayati, também integrante da comissão de segurança no parlamento que está deixando o poder.
Al Bayati, candidato às eleições, acrescentou que “os serviços de segurança venceram ao estabelecer a ordem e votar ao mesmo tempo”, apesar dos ataques que deixaram 26 mortos.
Além disso, disse que seu grupo está “satisfeito” com o desenvolvimento da jornada eleitoral e destacou, em reação aos atentados de hoje, que o povo iraquiano é consciente que os terroristas pretendem dificultar o pleito e por isso reagirá com participação massiva.
A candidata da coalizão laica opositora “Al-Iraquiya” Intisar Allawi denunciou em declarações à Efe “pressões” sobre os agentes de segurança e os soldados para que votassem a favor de Daulat al Qanun, porque al-Maliki, segundo a Constituição, é também comandante-geral das Forças Armadas.
Allawi acrescentou que a insistência dos iraquianos em participar da votação de hoje, apesar dos ataques terroristas, “demonstra que o povo precisa da mudança e que o Iraque precisa ser governado por alguém competente”.
O chefe dos observadores da Liga Árabe, o diplomata egípcio Wayih Hanafi, disse à Agência Efe que enviou hoje um total de 26 observadores nas províncias de Bagdá, Basura e Al Najaf, no sul, e em Al Suleimaniya, Dahuk e Erbil, as três da região autônoma do Curdistão.
Além disso, Hanafi opinou que as autoridades iraquianas tomaram “boas medidas” de segurança, mas qualificou o ambiente no qual se acontece o pleito de “tenso”.
No Curdistão, os eleitores votaram hoje também para escolher os conselhos das três províncias. EFE
ms/tr
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