Xi Jinping descarta reforma ao estilo ocidental e aposta em partido único
Pequim, 6 set (EFE).- O presidente da China, Xi Jinping, descartou uma reforma na China ao estilo ocidental e reafirmou a importância da continuidade do sistema de um único partido na potência asiática, publica neste sábado o jornal “South China Morning Post”, de Hong Kong.
Em discurso pronunciado na sexta-feira no Grande Palacio do Povo de Pequim (sede do Legislativo), no 60º aniversário do Congresso Nacional do Povo, Xi disse também que a China deve ter uma “liderança unificada que assegure que o desenvolvimento do país não será colocado em perigo”.
Ele ainda recomendou aos funcionários do partido que “adiram à liderança central do Partido e melhorem a coordenação para prevenir a fragmentação do governo”.
O governo, acrescentou, deve impedir “a luta política e a divisão entre os partidos políticos”.
Xi também mencionou o início de “um processo de decisão democrático”, e disse que, quando forem realizadas eleições, o governo deve “ser cuidadoso para não realizar promessas vazias que deixem o país em um limbo pós-eleitoral”.
A ambiguidade de sua mensagem, mantendo a necessidade do partido único (o partido comunista está no poder desde 1949) e apostando ao mesmo tempo em um processo de decisão democrático, está alinhada com a “bipolaridade” do mandato de Xi desde que assumiu, em 2013.
Apesar de seu governo ter apostado, na reunião anual do outono de 2013, em fortes medidas pró-mercado, e ter decretado o fechamento dos campos de reeducação e relaxado a política do filho único, algumas organizações de direitos humanos condenam o aumento da repressão contra ativistas, entre outros, desde a ascensão de Xi.
Denunciam também certa “maoização” de suas políticas e maior controle dos meios de comunicação e de possíveis linhas divergentes do Partido.
O presidente da China realizou, desde sua nomeação, uma extensa campanha anticorrupção dirigida “contra tigres e moscas”, uma referência à indiferença em relação ao cargo do suspeito, medida que colocou atrás das grades milhares de funcionários e empresários.
Por causa dessa campanha, o partido anunciou recentemente uma investigação contra o ex-ministro de Segurança Zhou Yongkang por corrupção após deter dezenas de aliados e familiares dele.
A campanha foi elogiada por alguns setores, mas criticada por alguns analistas, que consideram que só está dirigida contra as facções do Partido mais afastadas de Xi Jinping.
Wang Qishan, no comando da Comissão Central para a Disciplina e a Inspeção, encarregada da batalha anticorrupção, declarou no final de agosto que ela “durará, pelo menos, cinco anos porque se trata de uma guerra que a nação não pode se permitir perder”. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.