Yoani Sánchez diz que apoio econômico venezuelano barra reformas em Cuba

  • Por Agencia EFE
  • 08/07/2014 14h15
  • BlueSky

Madri, 8 jul (EFE).- A dissidente cubana Yoani Sánchez se mostrou convencida nesta terça-feira de que, se o governo da Venezuela deixasse de lhe apoiar economicamente, Cuba poderia acelerar as reformas anunciadas pelo regime de Raúl Castro.

Durante sua participação no Fórum Atlântico, realizado hoje em Madri, a opositora e jornalista se referiu ao modo em que os habitantes da ilha veem a situação da Venezuela e a hipótese de que uma queda do governo de Nicolás Maduro pudesse ser a ajuda final: “muitos têm medo de voltar aos piores dias de escassez”, apontou.

Yoani argumentou que a dissidência vê nesta possibilidade uma oportunidade para que o governo de Raúl Castro acelere e aprofunde as reformas anunciadas, que, segundo ela, estão no caminho correto, mas ainda não alcançaram “a velocidade nem a profundidade esperada”, disse.

De acordo com a dissidente cubana, essas reformas são “pequenas transformações causadas pela necessidade e não pela vontade política”, já que as mesmas não correspondem às mudanças reais que o país necessita.

Desta forma, segundo Yoani, o embargo econômico dos Estados Unidos ou a promoção do turismo à ilha como apoio econômico do regime, temas que há anos ocupam a agenda da imprensa internacional sobre Cuba, desviam os verdadeiros problemas que têm o país, caso da falta de liberdade e da qualidade de vida dos cubanos.

Para a blogueira, o monopólio dos meios de comunicação é talvez a maior dificuldade que os dissidentes têm em Cuba e, por isso, se diz estimulada a seguir divulgando informações sobre a situação da ilha via internet.

Neste aspecto, além do blog, a ativista liderou a primeira edição do jornal “14ymedio”, um meio digital lançado no último dia 21 de maio e que procura contar a atualidade cubana de maneira independente.

Como opositora ao regime, Yoani diz ser “vigiada” de forma permanente, mas reconhece que não sofreu tanto como outros dissidentes no passado e que cada vez mais surgem novos movimentos de “resistência” em diferentes âmbitos da sociedade cubana.

As diferenças entre Raúl e seu irmão Fidel Castro também são evidentes: “a repressão não acabou, o que acontece é que a atual é mais contínua e não deixa provas para que as vítimas possam se defender. Fidel era mais midiático”, ressaltou.

A escritora começou a ter reconhecimento internacional como dissidente cubana graças ao blog “geração Y”, com o qual ganhou o prêmio Ortega y Gasset outorgado pelo jornal El País e foi reconhecido por diversos veículos de imprensa, como “CNN” e a revista “Time”. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.