Zona do euro se prepara para defender moeda da fuga de capital
Elena Moreno
Bruxelas, 28 jun (EFE).- A zona do euro se prepara para defender o euro diante da eventual saída da Grécia da moeda única, sem descartar dar assistência técnica se desde a segunda-feira houver uma saída maciça de capitais dos bancos gregos.
Os olhares estão postos na reunião deste domingo do Conselho do Banco Central Europeu (BCE), que decidirá entre manter ou não o fornecimento urgente de liquidez para Atenas, o que permitiria aos seus bancos pedir, com autorização dessa instituição, empréstimos de emergência ao Banco da Grécia.
O fracasso das negociações de sábado em Bruxelas fez com que a possibilidade de a temida saída da Grécia do euro estivesse mais perto do que nunca, e com isso as temidas turbulências dos mercados que, embora de curto prazo, arrastariam o sistema financeiro europeu para um novo drama.
Para alguns dos sócios da zona do euro, a saída da Grécia do euro já é admitida como próxima. Assim, o primeiro-ministro da França, Manuel Valls, disse hoje que “o risco é real”, enquanto o ministro de Finanças da Áustria, Hans Jörg Schelling, considerou que essa saída “parece agora inevitável”.
Para enfrentar uma situação assim, que arrisca o projeto político e econômico que é o euro, os países da zona do euro estão agora mais bem preparados do que há cinco anos, quando começou a crise financeira internacional, disse o presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem.
Também afirmou que todos os países do euro têm “a firme determinação de fortalecer e preservar a união monetária” e que todos eles farão “pleno uso de todos os instrumentos disponíveis para preservar a integridade e a estabilidade da zona do euro”, diante da perspectiva de um possível contágio.
Os sócios da Grécia insistiram, apesar do fracasso do diálogo, que o país mantenha a moeda única.
Durante o fim de semana era possível ver nas ruas da Grécia longas filas para sacar dinheiro dos caixas eletrônicos, até 400 milhões de euros, que se somam a outros quase quatro bilhões sacados nas semanas anteriores por medo de o país terminar essa negociação fora da zona do euro.
“Sublinhamos que a expiração do programa de assistência com a Grécia, sem perspectivas imediatas de disposições de acompanhamento, exigiria a adoção de medidas por parte das autoridades gregas”, afirmou o Eurogrupo, em alusão a possíveis controles de capital.
Os ministros de Economia e Finanças do euro assinalaram que se “vigiará muito de perto a situação econômica e financeira na Grécia” e que se quer “salvaguardar a estabilidade do sistema financeiro grego”.
A decisão de impor controles de capital na Grécia é do Banco Central do país e precisa ser autorizada pelo parlamento. Rejeitada pelo governo do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, já está boca de seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis.
A espada de Dâmocles do iminente 30 de junho, data em que expira o resgate, a falta de liquidez da Grécia e os pagamentos da previdência e salários dos funcionários, assim como de 1,6 bilhão de euros ao FMI, evidenciam ainda mais o perigo e a difícil semana que a Grécia terá.
Além do programa de resgate, na meia-noite de terça-feira 30 também expira todo o financiamento que acompanha à atual assistência à Grécia, que inclui a transferência dos lucros obtidos pelo BCE pela compra de bônus gregos e os adquiridos pelos bancos centrais nacionais dos outros 18.
A realização em 5 julho do surpreendente referendo proposto por Tsipras, que conta com o apoio do parlamento, sobre propostas europeias que nem sequer foram debatidas não aliviará a situação do país, e pode ser mais grave se os gregos, que majoritariamente estão a favor do euro, ignorarem a recomendação de recusa de seu primeiro-ministro.
As consequências de tudo isso serão sentidas também na zona do euro, admitiram seus dirigentes, que assinalaram que finalmente e com os instrumentos desenvolvidos há cinco anos, “não será tão ruim como para a Grécia”, como disse hoje o ministro austríaco.
Na mesma linha o primeiro-ministro francês disse em Paris que “as consequências no plano econômico e financeiro não teriam nada a ver com as que se temem”, mas sim no terreno político. EFE
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