Zona do euro supera ano de incertezas e deposita esperança em Plano Juncker

  • Por Agencia EFE
  • 12/12/2014 20h49
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Céline Aemisegger.

Bruxelas, 12 dez (EFE).- A frágil recuperação da economia da União Europeia, em que estavam colocadas todas as esperanças no início do ano, se transformou em uma preocupação diante da estagnação econômica da região.

As atenções estão voltadas agora ao plano europeu de investimento apresentado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de 315 bilhões de euros, e à expectativa em relação a se ele será suficiente para apoiar o crescimento e o emprego.

Após sair da recessão mais grave de sua história no ano passado, a zona do euro começou 2014 com sinais incipientes de melhora econômica, o que confirmava, na opinião de governos e instituições, que a economia da Europa voltava a crescer.

O susto e o temor de uma terceira recessão chegaram no segundo trimestre, quando a economia da zona do euro se estagnou, levada pela má evolução do PIB de Alemanha, França e Itália, um dado que no entanto também não reverteu a linha de crescimento da Espanha.

Por sorte o PIB da zona do euro voltou a registrar um modesto crescimento no terceiro trimestre, um suspiro de alívio para os países.

França e Itália, este último país em recessão, elevaram suas vozes para pedir mais tempo para cumprir os objetivos de redução de déficit e de mais investimento, respectivamente, reativando o debate dentro e fora de Bruxelas sobre a necessidade de uma mudança de estratégia.

O presidente da Comunidade Europeia, Jean-Claude Juncker, entendeu a mensagem e antecipou o anúncio de seu grande projeto: um plano de investimento público-privado com o qual pretende mobilizar 315 bilhões de euros em financiamento de projetos de infraestruturas de transporte, banda larga, energia e pesquisa, entre outros.

O político luxemburguês quer que a Europa “vire a página” com este plano, ao somar o investimento à estratégia que se centrava até agora somente na consolidação fiscal e nas reformas.

O “Plano Juncker” pretende elevar o PIB da União Europeia (UE) em até 410 bilhões e criar 1,3 bilhão de empregos nos próximos três anos.

Também acalmou os países de que para não prejudicar sua frágil recuperação, as eventuais contribuições dos Estados-membros ao veículo de investimento que será criado no Banco Europeu de Investimentos (BEI) não contarão para o déficit.

A ideia por trás do “Plano Juncker” é não gerar mais dívida, desta vez recorrendo à engenharia financeira: com apenas 21 bilhões de euros de dinheiro público (que incluem uma garantia para cobrir eventuais perdas) esperam conseguir 15 vezes mais através de investimentos privados.

A dúvida é se isso é viável, e sobretudo suficiente, para estimular a economia e a demanda europeia.

“O plano pode funcionar, mas tem que ser afinado”, disse à agência Efe Grégory Claeys, analista no centro de estudos Bruegel, que no entanto gostaria de ter visto uma iniciativa “mais ambiciosa”.

O próprio Juncker advertiu do perigo de “superestimar” o plano, mas também de “subestimá-lo”, e afirma que será necessário continuar fazendo reformas para fomentar o clima de investimento e eliminar obstáculos.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, tem “grande confiança no sucesso do plano”.

Ele acredita que é atualmente “a única iniciativa que temos quanto à política fiscal para (estimular) a demanda agregada”, explicou recentemente.

Já para o analista Raoul Ruparel, do centro de estudos Open Europe, o plano “não terá um grande impacto na demanda, porque só representa um pequeno montante da economia conjunta e a maioria do dinheiro já está no sistema”.

Para Claeys, teria sido melhor um “verdadeiro plano pan-europeu de investimento com dinheiro público” de acordo com o nível dos países apoiado em uma aplicação flexível ou uma mudança das regras de consolidação fiscal, ou que o BEI estivesse disposto a “fazer mais, porque foi muito conservador por medo de perder o cobiçado triplo A”.

Na sua opinião, o plano de Juncker só atrairá o financiamento privado adicional desejada com novos projetos, especialmente aqueles com um perfil de irrigação e rentabilidade elevado.

Para Ruparel “fazem falta mais reformas para melhorar o clima de negócios em muitos países e encontrar uma estrutura institucional mais clara e firme na zona do euro para permitir que o capital privado volte a fluir entre os países”.

Para saber se o plano funcionará ou não, terá que esperar que seja iniciado, em meados de 2015. EFE

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