Zuluaga: a carta do uribismo para voltar ao poder

  • Por Agencia EFE
  • 23/05/2014 19h34
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Jaime Ortega Carrascal.

Bogotá, 23 mai (EFE).- O ex-ministro de Fazenda Oscar Ivan Zuluaga, um político pouco carismático, é a carta que Álvaro Uribe põe à mesa para se reinstalar no poder após ter se sentido traído pelo atual governante, Juan Manuel Santos.

Economista de 55 anos e que define a si mesmo como um homem “tranquilo, moderado, decente e equânime”, Zuluaga se transformou, como candidato do Centro Democrático e por obra de seu mentor, no mais sério rival de Santos em sua campanha à reeleição, segundo as pesquisas de intenções de voto.

Uribe, que foi presidente entre 2002 e 2010, não pode concorrer a um terceiro mandato por impedimento constitucional, mas encontrou em Zuluaga o homem que promete aplicar ao pé da letra seu ideário político, uma “marionete”, segundo seus opositores.

Nascido em Pensilvania, uma pequena cidade do departamento de Caldas, no centro cafeicultor do país, Zuluaga conta que desde criança quis ser presidente, inspirado na vida do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill.

Mas esse sonho, que começou a tomar forma nas pesquisas, pode se ver ameaçado pelo escândalo em que está envolvido desde a revelação de que teve contatos com Andrés Sepúlveda, um “pirata” cibernético detido neste mês por espionar ilegalmente os negociadores do processo de paz entre o governo e as Farc.

A oposição frontal a esse diálogo de paz realizado em Cuba desde novembro de 2012 foi o eixo de sua campanha, e por isso as denúncias contra ele e o Centro Democrático não foram motivo de surpresa.

A tarefa encomendada por Uribe a Zuluaga é a mesma que há quatro anos foi recebida pelo hoje presidente Juan Manuel Santos, que também foi ministro daquele governo e integrante do Partido do U, que terminou transformado em reduto do “santismo”, enquanto os uribistas seguiram com o mentor ao Centro Democrático.

Uribe, senador eleito, conta que nas excursões que faz pelo país, lhe perguntaram que garantias os eleitores têm de que “este (Zuluaga) não vai se voltar (contra ele) como o outro (Santos)”, e ele lhes responde que não haverá problema, porque “este (Zuluaga) sim é certinho”.

Essa lembrança ilustra até que ponto Zuluaga é identificado como o sucessor da política de segurança de Uribe.

Diante do escândalo, o candidato responde sempre de forma evasiva, e é Uribe que rejeita as denúncias por meio de inflamados discursos ou nas redes sociais.

Zuluaga e Uribe se conhecem desde o começo dos anos 90, quando o primeiro era prefeito da Pensilvania, e o segundo senador, e compartilhavam sua preocupação com o crescimento da atividade guerrilheira na zona cafeteira do centro do país.

Após alguns anos dedicado à empresa privada na siderúrgica Acesco, com participação de sua família, Zuluaga voltou à política em 2002 como senador por Caldas e à frente de um movimento fundado com Luis Alfonso Hoyos, seu amigo de toda a vida e principal envolvido no escândalo de pirataria virtual.

Ele foi senador até 2006, e um ano depois Uribe o nomeou ministro da Fazenda, cargo que ocupou até o final de seu governo, em 7 de agosto de 2010, e pelo qual foi reconhecido em 2009 como o melhor ministro dessa pasta da América Latina por lidar com a crise econômica mundial sem sobressaltos.

Zuluaga estudou economia na Universidade Javeriana, de Bogotá, e tem mestrado em Finanças Públicas pela Universidade de Exeter (Reino Unido).

Quando Uribe criou o Centro Democrático, em janeiro de 2013, ele sempre esteve na primeira fila como o discípulo mais aplicado do ex-mandatário, e a convenção desse partido o ungiu como candidato presidencial no final do ano passado.

Como companheiro de chapa à vice-presidência, Zuluaga escolheu Carlos Holmes Trujillo, político e ex-diplomata oriundo do departamento de Valle del Cauca e também uribista de coração.

Zuluaga é casado há 26 anos com Martha Ligia Martínez, com quem tem três filhos: Juliana, Esteban e David. EFE

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