2016 foi bom para Putin e 2017 promete ser melhor ainda
![EFE/Alexei Druzhinin](https://jpimg.com.br/uploads/2017/04/3213367363-presidente-da-russia-vladimir-putin-10.jpg)
Dezembro é um mês agitado de reuniões de militares e diplomatas ocidentais. O mundo está agitado e incerto, especialmente com a era Trump que se avizinha. No entanto, tantas reuniões da Otan, União Europeia e outros organismos ocidentais na verdade disfarçam uma paralisia decisória e uma impotência para influenciar eventos.
Em muitas destas reuniões, na pauta estão duas crises ingratas: Ucrânia e Síria. São conflitos em que um grande vencedor se revela Vladimir Putin. Na Ucrânia, o enclave separatista pró-russo é um fato consumado e a mesma coisa com Bashar Assad.
O ditador sírio, cujo fim foi tantas vezes anunciado, começa a virar a guerra civil para o seu lado. Ele não tem como refazer o mapa nacional rasgado pelo conflito, mas com a forcinha do patrono Putin está flagrante que ele é parte da geopolítica.
A maratona de reuniões ocidentais é exaustiva, marcada por resoluções, declarações e promessas de mais reuniões. Existe este senso de resignação de que as ferramentas tradicionais de diplomacia não funcionam como antigamente e que impera um novo tipo de poder contra o qual as democracias ocidentais não sabem responder.
A Rússia de Putin é este novo tipo de poder. Recorre não apenas ao poder bruto, como fica claro no seu envolvimento nos conflitos na Ucrânia e na Síria. Mas usa e abusa também de sofisticados instrumentos como guerra cibernética e as redes sociais para desinformar, confundir e desacreditar as democracias liberais.
Basta ver o impacto dos hackers russos no recente ciclo eleitoral americano. Melhor ainda, é a teimosia do presidente eleito Donald Trump para negar que os russos tenham metido o bedelho. Putin pode estar à frente de um império incapaz de restaurar glórias passadas, mas não há dúvida que soube modernizar a máquina de propaganda da Guerra Fria, a lendária agitprop, agitação e propaganda.
É verdade que sanções multilaterais a contra a agressão na Ucrânia enfraqueceram a Rússia, mas o sucesso é limitado. Já na Síria, a diplomacia ocidental encena movimentos de barata tonta. Está escancarado o fato que o Ocidente não tem apetite para se meter no conflito sírio.
E Trump, mais do que Barack Obama, dará procuração a Putin para agir no país dilacerado como bem entender. Mais importante, porém, é a falta de apetite ocidental para conter a influência do estado russo em geral e sua capacidade para gerar instabilidade.
O ano de 2016 foi bom para Putin e 2017 promete ser melhor ainda. Não se trata apenas de Trump na Casa Branca, mas de uma Europa cada vez mais atarantada com sua crise de identidade e a ascensão de políticos populistas simpáticos a Putin.
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