Acordo de Paris é um marco, mas não deve ser tratado com euforia
Apesar dos alertas sobre seus pontos fracos e da esperada frustração de ambientalistas radicais, o acordo climático de Paris é histórico. E não há dúvida que se consumou no sábado um acordo global como nunca ocorrera para enfrentar a crise ecológica no planeta devido ao aquecimento global.
Ao contrário de acordos anteriores, desta vez temos a assinatura global, de 195 países, inclusive os maiores poluidores, como China e Estados Unidos, ou seja, trata-se de um salto decisivo e coordenado.
Como lembrou em editorial no domingo, o jornal espanhol El País, pela primeira vez na história foi assinado um acordo universal vinculatório para combater a mudança climática. O texto contém o objetivo explícito de fazer com que até o final do século a temperatura média não suba mais de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e o compromisso de fazer o possível para que fique em 1,5°C.
E as expectativas e as necessidades são de que os agentes econômicos, de governos a empresas privadas, orientem seus investimentos a energias limpas e apostem em um modelo produtivo que não dependa tanto dos combustíveis fósseis. Claro que é um desafio monumental.
A transição não será fácil, especialmente para países em desenvolvimento, como China e Índia, ainda tão dependentes de carvão. E no mais importante país rico, os Estados Unidos, ainda existe muita resistência política, sem falar da mera negação de mudanças climáticas.
Neste contexto, o acordo deve ser tratado como um marco, exigindo atenção para algumas ambiguidades do texto firmado, com a ausência de alguns aspectos vinculatórios, como na falta de definições sobre a redução de emissões de gases poluentes.
Não vamos tratar o acordo, portanto, com euforia, mas seguramente com alívio. Um fracasso teria sido um vexame politico para o planeta, esfriando o esforço contra o aquecimento global.
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