Acordo nuclear é um momento de alívio
Pergunta: No resto do mundo já é possível comemorar como se comemora em Teerã este acordo em torno da questão do uso pacífico do átomo pelo Irã, ou ainda é tempo de temer e esperar, como acontece em Israel?
Resposta: Foi, afinal, firmado um acordo prévio entre o Irã e as potências ocidentais, o grupo chamado G5+1, a respeito do uso pacífico de energia atômica pelo país dos aiatolás. Lá no Irã, a assinatura desse acordo está sendo comemorada como uma grande conquista histórica.
As ruas ficaram em festa, o chanceler Javad Zarif foi recebido no país como herói; o presidente Hassan Rohani fez um discurso considerando o dia do acordo um momento histórico no país, porque ele acha que os avanços marcam uma nova etapa de busca por cooperação global com o Irã incluído no concerto universal.
Benjamim Netanyahu, que acaba de ser eleito de forma surpreendente por causa da folga da votação em Israel, sentiu, e manifestou isso publicamente, um certo abandono de parte dos Estados Unidos, mas a Casa Branca já esclareceu que Israel não será deixado à sanha dos iranianos.
Os americanos são os principais artífices dessa negociação e não contam com uma traição do Irã. Esta notícia é uma notícia que tem que ser recebida com reservas, mas também é preciso, se não signifique um carnaval nas ruas do mundo, mas pelo menos que o mundo inteiro a receba com alívio, porque o Irã, que está na pauta das negociações de paz e guerra desde que o aiatolá Khomeini derrubou o aliado americano, que era o xá Reza Pahlevi, o Irã era o inimigo número um, o incentivador do terror, que passou agora a ser taticado por grupos muito mais radicais do que os aiatolás. Os principais são o Boko Haram e, especialmente, o Estado Islâmico.
Esses grupos não têm o menor respeito pelos dois conceitos básicos da civilização humana: em primeiro lugar a vida; em segundo lugar a liberdade. São grupos que matam pessoas, seres humanos, como se fossem insetos, e são grupos que querem impor a sua religião, querem impor a sua forma de ver o seu profeta Maomé e o Deus, o seu Alá, como sendo únicos profeta e deus que devem ser dignos de veneração e de adoração. Esses grupos precisam ser combatidos de uma forma racional, de uma forma mais fria e sobretudo de uma forma mais implacável.
E para isso é útil que o Irã esteja entrando, digamos assim, no lado de cá, e é até provável que esses grupos é que tenham incentivado o Irã a fazê-lo para não ficar isolado em uma condenação, como se fossem defensores da barbárie.
Na verdade, os muçulmanos têm uma longa história de convivência na Idade Média, na Europa, principalmente na Peninsula Ibérica, onde eles demonstraram uma tolerância com judeus e cristãos que os cristãos daquela época não praticavam com os judeus e com os próprios muçulmanos.
É um momento de alívio, é um momento de concentração no Estado Islâmico e no Boko Haram, e não de festa. De qualquer maneira, já é muita coisa diante do enorme cabedal de problemas que a agência internacional apresenta neste momento.
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