Advogados incisivos e Lula cauteloso: como deve ser o depoimento a Moro

  • Por Jovem Pan
  • 10/05/2017 10h06
BRA84. SAO PAULO (BRASIL), 20/09/2016.- Fotografía de archivo del 28 de marzo de 2016 del expresidente de Brasil Luiz Inácio Lula da Silva en Sao Paulo. El juez responsable por la investigación del gigantesco escándalo de desvíos en la petrolera brasileña Petrobras aceptó hoy, 20 de septiembre de 2016, los cargos por corrupción y lavado de dinero formulados contra Lula da Silva y lo convirtió por primera vez en reo en el histórico proceso. El juez federal Sergio Moro aceptó la denuncia formal presentada la semana pasada por la Fiscalía contra Lula, a quien acusa de haber recibido favores de una de las empresas beneficiadas por los desvíos en la petrolera estatal, según la decisión divulgada por su juzgado. EFE/Sebastião Moreira EFE/Sebastião Moreira Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - EFE

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai a Curitiba como réu em uma das cinco ações penais às quais responde e deverá depor diante de um juiz constituído legalmente para ouvi-lo.

Caso não funcione a mais nova tentativa de procrastinação da defesa, que foi levar o pedido de habeas corpus negado pelo Tribunal Regional Federal – 4ª ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lula terá de comparecer perante o juiz Sergio Moro na tarde desta quarta-feira (10).

Os advogados dizem que a tendência não é Lula ficar calado o tempo todo, informa a colunista Jovem Pan Vera Magalhães. O petista vê o episódio como uma boa oportunidade para esclarecer os fatos sobre os quais é acusado. Além disso, ficar calado pareceria que ele ficou acuado diante de Moro.

Lula deve adotar no tribunal o tom político dos palanques, sem, no entanto, ser arrogante ou ofender o juiz Sergio Moro. Esse é o limite dado como orientação de seus defensores.

Os próprios advogados de Lula, contudo, devem adotar uma postura mais aguerrida, com tentativas de impugnar as perguntas de Moro e do Ministério Público, para mostrar que haveria algum abuso na acusação e no julgamento.

Outra orientação dada pela defesa ao ex-presidente é que ele não desqualifique diretamente os depoimentos de Renato Duque (ex-diretor de Serviços da Petrobras) e Leo Pinheiro (executivo da OAS), que lhe fizeram graves revelações. Lula é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no caso tríplex – imóvel situado no Guarujá, litoral de São Paulo, que a Lava Jato diz pertencer a Lula, o que sempre foi negado por ele.

Lula deve bater na tecla de que os delatores estariam sendo coagidos e pressionados para mencioná-lo e conseguirem o benefício da redução de pena com o acordo de colaboração, mas não deve atacá-los diretamente.

Lula ainda foi orientado a não jogar o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci na fogueira. Ou seja, o petista não deve repetir sob juízo o que já disse em intervenções anteriores, algo do tipo: “Se o Palocci cometeu algum erro, só ele sabe. Se ele cometeu um delito, só ele sabe”.

O ex-presidente deve evitar esse tipo de declaração que, segundo os próprios petistas, foram responsáveis para levar Palocci a cogitar a delação premiada. O ex-ministro ainda pensa em delatar, embora tenha trocado de advogado.

O tom de Lula, portanto, será um mix de coragem palanqueira e a cautela de quem sabe que a sua situação jurídica é bastante delicada.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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