Aécio Neves faz bem em dizer “tanto faz Dilma ou Lula”

  • Por Jovem Pan
  • 01/04/2014 10h59
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Reinaldo, falando a empresários, o tucano Aécio Neves afirmou que tanto faz se o nome do PT à presidência será Lula ou Dilma. Ele fez bem em tocar no assunto?

Fez sim, olá internautas e amigos da Pan. Já que estamos num período de revisão do regime militar vou aqui lembrar uma história. O general João Batista Figueiredo, o último presidente daquele ciclo, inaugurado em 1964, adorava repetir uma frase: “Olhe que eu chamo o Pires!”.

O Pires era uma referência a Valter Pires, ministro do Exército, mostrou-se soldado disciplinado, ali nos estertores da ditadura, mas era pouca prosa. Até surgiu na época uma safra de generais que gostavam de sorrir, de fazer aceno aos críticos e tal. Não era o caso do enigmático Pires.

E quando é que Figueiredo fazia aquilo? Sempre que julgava que a oposição ou o Congresso exageravam e tentavam ir além do que ele considerava seguro no tal processo de abertura. “Chamar o Pires”, ainda que dito num tom de pilhede agressiva, significava o óbvio: dar um golpe e acabar com a brincadeira. E porque não chamou? Acho que é porque percebeu que não era mais possível. Vamos adiante.

Mal comparando, Lula é o Pires do PT. Nos bastidores, lideranças do partido vivem ameaçando. A cada vez que se evidencia sinais de fragilidade da candidatura de Dilma Rousseff à re-eleição, ou quando eles acham que a oposição exagera, como no caso da cobrança da CPI da Petrobras, “olhem que nós chamamos o Lula”. É o sonho dourado de um monte de petista. E se querem saber, de muitos empresários também.

Ninguém é tão dócil com alguns tubarões da economia como o Lula. Ele tem um lado assim melancias às avessas, vermelhinho por fora e verdinho por dentro. Ou numa metáfora mais tátil, ele se parece bastante com uma jaca. Por fora tem uma casca áspera, hostil, mas por dentro é bastante mole e melequento, gelatinoso mesmo.

O “vamos chamar Lula” voltou a ser repetido com muita frequência nos bastidores do partido na semana passada. Quando veio a público a pesquisa do Ibope indicando uma queda importante na popularidade de Dilma. A questão existe não é de hoje. Não  custa lembrar que ainda em 2011, no primeiro ano do governo Dilma, Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência e espião de Lula no Palácio, falou no ex-presidente como “o nosso Pelé”, sugerindo que o PT tem no banco o melhor jogador. Ou por outra, se Dilma for um risco, chama-se o Pelé barbudo.

Nesta segunda, como você lembrou, o tucano Aécio Neves referiu-se à possibilidade da volta de Lula a disputa em palestra concedida a empresários ligados ao Lide, que é um grupo que reúne empreendedores de São Paulo. Afirmou o tucano: “ouço sempre que pode haver mudança de candidato do governo. Pra mim não importa se será Lula o Dilma, o que eu quero é derrotar o modelo que aí está.”

O pré-candidato tucano fez muito bem em tocar no assunto, pondo às claras essa conversa mole de que Lula chega e toma a presidência como e quando quiser. Se acontecer, terá que ser com o voto do eleitorado. Ele disputar ou não, é um problema dos petistas e de Dilma, não das oposições. Esse negócio do “olha que nós chamamos o Lula” é só mais uma tentativa de intimidar a oposição. Chega dessa chatice.

 

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