Aécio Neves tenta reciclar um crime como um erro inocente

  • Por Jovem Pan
  • 09/03/2017 08h10 - Atualizado em 04/04/2017 16h32
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Reprodução/Facebook PSDB Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Aécio Neves - PSDB

Foi Fernando Henrique Cardoso, que merece ainda um livro-reportagem sobre o golpe da reeleição em 1997, quem deu a senha: caixa dois não é crime, mas… erro. Ora, ora… Renan Calheiros e Romero Jucá assinariam. E certamente festejaram. A quem ainda engana, FHC é chancela de correção. Ocorre que a tese que vestiu como sua capa de estadista é a que tenta legitimar a anistia ao caixa dois, como se este já não estivesse tipificado penalmente, por exemplo, como lavagem de dinheiro.

Aécio Neves, claro, foi atrás. Na terça, numa festa em Brasília, o presidente do PSDB esteve à vontade para desenvolver um raciocínio a respeito. Segundo o senador, aqueles que receberam dinheiro – por fora – para campanha eleitoral não poderiam ser comparados aos que enriqueceram por meio de corrupção.

Não é bonito? Eu acho que são coisas diferentes, ouvinte, coisas que precisam ser distinguidas até para a devida punição, mas acho também que é tudo crime. Eles, FHC e Aécio, acham que não; que um – o caixa dois – é mero erro. Aécio acha que misturar as coisas, crime menor, que pare ele é erro, com um maior, significa criminalizar a política – mas isso apenas se, como acabou por sugerir, não houver homens públicos honestos no Brasil. Ele deve achar que não. Eu acho que há.

O que se projeta neste discurso, porém, é nada menos que a base em que se erguerá a campanha eleitoral de 2018, em que esses senhores tentarão nos convencer de que devemos votar no menos pior, como se não votássemos no menos pior desde sempre.

O problema é que esse enredo – que pretende reciclar um crime como erro inocente – pode não servir ao próprio Aécio Neves, que não é apenas investigado por caixa dois, mas que, não nos esqueçamos, foi também citado em delação premiada como tendo orientado a Odebrecht sobre pagamento de propina quando da licitação para a obra da Cidade Administrativa de Minas Gerais.

E, enquanto isso, enquanto os políticos, atrasados, tentam proteger e limpar o caixa dois, o Ministério Público e o Judiciário já avançam sobre o caixa um… Mas está é outra história.

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