Afinal, por que Moro não julga, condena e manda prender Lula?

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 03/03/2017 10h55
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Brasília- DF- Brasil- 07/04/2015- O juiz federal Sérgio Moro participa de apresentação de um conjunto de medidas contra a impunidade e pela efetividade da Justiça, na sede Associação dos Juízes Federais do Brasil (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom Sérgio Moro - Agência Brasil

Uma das características do fanatismo é não ter raciocínio lateral e visão periférica. Obcecado, um fanático persegue o seu alvo e ignora delicadezas do espírito como “danos colaterais”, por exemplo. E ai de quem tente alertá-lo! Ele trata o interlocutor ou como sabotador ou como herege. Fazer o quê?

Os dias estão propícios para os fanáticos e os oportunistas. Percebi o alarido de júbilo em certos setores que se tornaram profissionais do antipetismo com os depoimentos dos ex-diretores da Odebrecht ao TSE. Mas estão comemorando exatamente o quê?

A síntese de tamanha felicidade poderia ser esta: “Dilma se ferrou! Lula de ferrou! Mantega se ferrou!”. Bem, para ficar em palavra de mesma raiz, pergunto: eles estão mais ferrados agora do que antes? Não! Por enquanto, a única coisa que cresceu no horizonte é a chance de cassação da chapa vitoriosa em 2014. Satisfação com o eventual cumprimento da lei, eis um bom sentimento. Um antipetista ou antiesquerdista, no entanto, que se regozije com esse resultado é só um bobalhão. E a razão é simples: esse pode ser o caminho que leve ao fim do mandato de Temer. Depois, eleições indiretas. E aí poderíamos todos dar um adeus definitivo a qualquer reforma.

Notem: do ponto de vista jurídico, os depoimentos ao TSE não acrescentam uma vírgula à ficha corrida dos petistas. Nada!  Dilma, se cassada a chapa, ficará inelegível, mas quem liga para isso no PT a não ser ela mesma? Esse é o prejuízo máximo. A única coisa que os depoimentos no TSE fizeram até agora foi reforçar a impressão, estupidamente errada, de que todos são mesmo iguais e de que o PT, afinal de contas, não fez nada de excepcional, nada que outros também não fizessem.

Vocês já imaginaram o que significaria, para o petismo, que foi apeado do poder com desonra, uma eventual cassação da chapa? Ora, ninguém estaria nem aí para Dilma. O que contaria, todos sabemos, para os companheiros seria a deposição do “governo golpista”. Para um PT e para um Lula que dão sinais de recuperação, embora ainda no lamaçal, seria uma notícia dos sonhos.

Notem a rapidez com que os depoimentos que deveriam encarecer a fealdade do que fez o PT logo se transformaram em armas contra os tucanos. Não é preciso um excesso de sagacidade para saber a quem interessa esse estado de coisas.

“Ah, então não se deveria investigar nada que atinja os adversários do PT para que se mantenha a estabilidade?” A pergunta, se feita, é coisa de boçais. Deve-se investigar tudo. Mas segundo as regras. “Ora, regras por quê?” Porque inexiste estado democrático e de direito sem isso.

Será assim tão difícil de entender que os depoimentos ao TSE nada acrescentam à Lava Jato e, juridicamente, em nada agravam a situação de Lula, por exemplo? Sim, para muitos é difícil. O fanático não estuda. E o oportunista aplaude a sua ignorância.

De resto, sugiro aos entusiastas de Moro que incitem o seu guia a julgar, condenar e, bem, prender Lula. Quanto mais cedo o juiz o fizer, mais cedo se dará o julgamento na Segunda Instância, que, eventualmente, PODERIA tirar o petista da eleição de 2018. A propósito: já hoje, seguidos os prazos tradicionais, esse eventual julgamento no Tribunal Regional Federal só se daria depois da eleição do ano que vem…

Aliás, uma curiosidade: por que será que Moro não julga, não condena e não manda prender Lula?

Alguém tem algum palpite?

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