Ainda há tempo para a OAB descer do muro e corrigir erros da indiferença
A Ordem dos Advogados do Brasil tem uma história de lutas e conquistas, sempre ao lado da democracia, das leis e das liberdades.
Lutou pelo fim do regime militar. Defendeu a democracia em tempos da ditadura. Foi vital para a reabertura do Congresso Nacional. A Ordem participou ativamente do impeachment de Fernando Collor de Melo, e inspirou reformas na Constituição.
Apesar de sua grandeza histórica, a OAB se apequenou nos últimos anos. Manteve-se distante e até mesmo omissa em momentos onde seu posicionamento seria fundamental. Nos poucos episódios em que se posicionou, defendeu o lado errado.
Quando da prisão do mensaleiro José Genoíno, em novembro de 2013, a OAB protestou. Em nota, à época, o presidente da Comissão de Direitos Humanos disse que a prisão do petista era ilegal e arbitrária.
Sobre o escândalo em si, a Ordem calou.
Calou-se também sobre o assédio do ex-presidente Lula ao ministro Gilmar Mendes, para que ele procrastinasse o julgamento do Mensalão. Quando o ministro Joaquim Barbosa recebeu ameaças de morte de um petista, nenhuma defesa se ouviu da Ordem dos Advogados.
Outro escândalo abalou as estruturas da República e a OAB também se omitiu. Advogados do Maranhão chegaram a cobrar publicamente um posicionamento oficial da Ordem sobre o Petrolão. Mais uma vez, a resposta foi o silêncio.
No ano passado, o TCU emitiu um parecer técnico afirmando que a presidente cometeu crime fiscal, através das chamadas pedaladas. E o que fez a OAB? Fechou os olhos.
Cega, surda e muda, a Ordem dos Advogados do Brasil, que se intitula a voz do cidadão, ignorou até mesmo o povo que foi às ruas exigir a saída da presidente.
E só agora que todos os caminhos levam à saída de Dilma, finalmente a Ordem resolveu considerar a possibilidade do impechment. Um pouco tarde para descer do muro e posar de defensora da moralidade. Felizmente ainda há tempo para corrigir os erros da indiferença.
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