Alexandre Borges: É melhor Jair articulando
A melhor notícia política do ano, e que não pode passar sem comemoração, é que o presidente Jair Bolsonaro vai receber os líderes do chamado Centrão e começar a articulação política para avançar sua agenda no Congresso, o que inclui, claro, a Reforma da Previdência.
Depois de muitas trocas de farpas entre o executivo e o legislativo, como na visita ao Chile há duas semanas em que o presidente disse sobre a tramitação da reforma da previdência que “a bola está com Rodrigo Maia” e quando questionado sobre articulação política devolveu a pergunta questionando o que estava faltando fazer, agora Jair Bolsonaro pediu ao seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que agendasse conversas com os caciques partidários já esta semana. Agora a bola está finalmente com ele.
Jair Bolsonaro tem 30 anos como parlamentar, dois como vereador e 28 como deputado federal pelo Rio de Janeiro, e ninguém melhor do que ele sabe que a articulação política é uma parte essencial da própria democracia e que, em parte, justifica a existência do próprio legislativo como poder independente. Se o presidente não entendesse a função do parlamento, não teria ficado 30 anos nele.
Parte da militância mais fanática do presidente nas redes sociais iniciou uma campanha para associar a idéia de articulação à corrupção e fisiologismo, sugerindo que a população pressionasse os congressistas a aprovar as leis formuladas pelo executivos sem discussão e sem eventuais emendas, destaques ou alterações. Uma espécie de coronelismo chavista à brasileira em que o legislativo apenas carimbasse as decisões tomadas no Palácio do Planalto sem dar um pio.
Claro que não é saudável para a democracia nem o chavismo, como vemos na Venezuela, nem um parlamentarismo branco, não votado pela população, em que o Congresso impõe a sua agenda ao executivo. O sistema republicano precisa de pesos e contrapesos, precisa de negociação e articulação entre os poderes, e só quem não é muito articulado que defende o fim da articulação.
A Reforma da Previdência precisa de 308 votos na Câmara e 49 no senado em duas votações para ser aprovada e esse placar não será possível com xingamentos no twitter ou campanhas virtuais de assassinato de reputação e constrangimento dos congressistas. Precisamos de políticos equilibrados de ambos os lados para manter o equilíbrio dos poderes e a saúde da democracia.
Segundo o Termômetro da Previdência, feito pelo Atlas Político, há hoje 93 deputados a favor da reforma da previdência, 78 apoiam parcialmente, 199 estão indefinidos e 143 são contra. Para chegar a 308 votos, o governo ainda teria que conquistar 215 votos e tem muito trabalho pela frente.
A disposição do presidente em chamar a articulação política para si é muito bem vinda e mostra que a realidade vai, aos poucos, se impondo. O país agradece, a reforma da previdência agradece, a democracia respira. O ano de 2019, finalmente, parece que vai pegar no tranco, engatar a marcha e seguir em frente.
Em resumo: para o avanço do país e o êxito do mandato do atual presidente, é melhor JAIR articulando.
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