Alexandre Borges: O processo kafkiano contra Danilo Gentili

  • Por Alexandre Borges/Jovem Pan
  • 11/04/2019 10h18 - Atualizado em 14/05/2019 13h44
Reprodução/Facebook Reprodução/Facebook Mesmo depois de condenado, Gentili não se intimidou e reagiu com bom humor nas redes sociais

Hoje é dia de lembrar do poema do pastor Martin Niemoller:

“quando os nazistas levaram os comunistas, eu me calei porque não era comunista,
quando prenderam os social democratas, eu me calei porque não era social democrata

quando levaram os sindicalista, eu não protestei porque não era sindicalista
quando levaram judeus, eu não protestei porque não era judeu

quando me levaram, não havia mais ninguém para protestar”.

Nesta quarta-feira (10), o humorista Danilo Gentili, de longe o mais talentoso da sua geração, foi condenado à pena de prisão no país da impunidade por reagir com humor ao uso abusivo do poder estado contra ele.

O mesmo estado que foi satirizado por Danilo Gentili reagiu do jeito que sempre vai reagir quando não tem limites: mandou calar e prender quem ousou cometer a suprema heresia de enfrentar com coragem suas ameaças.

Como se não bastasse o caráter kafkiano de processar e mandar prender um humorista por uma piada nascida de uma reação legítima a uma ameaça, a autora da ação é ninguém menos que a deputada Maria do Rosário, ex-secretária de direitos humanos no governo Dilma Rousseff, conhecida por ser contra redução da maioridade penal e de outras teses de esquerda que tratam criminosos como vítimas da sociedade.

Mesmo depois de condenado, Gentili não se intimidou e reagiu com bom humor nas redes sociais, mas o absurdo do caso, um atentado contra a liberdade de expressão e que tem tudo para ser revertido em segunda instância, não pode ser minimizado.

Quando o estado é usado para intimidar ou calar quem pensa diferente de um agente do estado ou um servidor público que deveria servir à população e não o contrário, mesmo que usando como pretexto a legislação dos crimes contra a honra, é preciso reagir.

Ou então, adaptar o poema do pastor Niemoller dizendo “primeiro levaram os humoristas, mas eu me calei porque não sou humorista. Quando vieram me levar, não havia mais ninguém para protestar”.

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