Alexandre de Moraes, a Lava Jato, eu, meus bisnetos e a 884ª fase da operação
Esperem aí, vamos com calma!
Nem gafe nem revelação indevida. Estamos diante da simples adivinhação do óbvio. Neste domingo, Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, esteve em Ribeirão Preto para participar da campanha do tucano Duarte Nogueira à Prefeitura da cidade. Segundo o Estadão, numa conversa com integrantes do MBL, o ministro afirmou sobre as operações da Lava Jato: “Teve a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”.
Bem, desnecessário dizer que teve início um falatório dos diabos. Por quê? Como é sabido, a Polícia Federal está, sim, subordinada à pasta da Justiça, mas tem autonomia. O ministro não é previamente avisado das operações. Aliás, essa é uma das práticas com a qual o PT nunca se conformou. Gostava do tempo em que a PF — e, por um período, no governo Lula, foi assim — era, na prática, a PF do PT.
Notem: o ministro respondia a indagações sobre o eventual interesse do governo em pôr fim à Lava Jato, suspeita que volta e meia se levanta. Para encarecer o fato de que assim não é, ele disse o que parece evidente: “Pode esperar outra fase da operação…”. Ou alguém duvida disso?
Eu mesmo já me preparo para fazer relatos a meus bisnetos adolescentes, ali pelo ano 2055 (estarei com 94, de cócoras, como um índio velho, contando histórias), sobre as 487 fases que terei acompanhado como jornalista (na hipótese de eu trabalhar até os 75). A moçada estará ligadona no vovô Deltan botando pra quebrar na 884ª fase da operação… Ah, sim: lê-se “octingentésima octogésima quarta”…
De resto, vamos parar de conversa mole. Todos os jornalistas sabiam com antecedência que haveria uma nova fase da operação na semana passada. Eu sabia! Por alguma razão, vazou-se que aconteceria na quarta. Como de hábito, foi na quinta.
Quanto à besteira de que a eventual ilegalidade da prisão de Guido Mantega poderia brecar a Lava Jato, cumpre notar que a Polícia Federal só executa mandado de busca e apreensão, faz condução coercitiva ou prende alguém com autorização de um juiz.
Não creio que Sergio Moro tenha combinado alguma coisa com o ministro da Justiça…
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