André Vargas, do PT, constrange e não convence nem a si mesmo

  • Por Jovem Pan
  • 03/04/2014 11h46

Reinaldo, ontem o deputado André Vargas, do PT do Paraná, tentou explicar a viagem que ele fez, paga pelo doleiro Alberto Yousseff. Conseguiu convencer alguém?

Olhe, estava tão constrangido que não conseguiu convencer nem a si mesmo. Vargas, que é vice-presidente da Câmara e do Congresso e os braços de Lula no PT, está se esforçando para me fazer chorar de emoção. Até agora não conseguiu.

Cada vez mais com cheiro de Demóstenes Torres, aquele ex-senador que era uma referência de ética, que caiu em desgraça quando flagrado em conversas suspeitas com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, Vargas ocupou a Tribuna da Câmara para tentar explicar o fato de o doleiro Alberto Yousseff, que está preso, ter custeado o aluguel de um jatinho para levá-lo, e a mais oito pessoas de sua família, para uma viagem de férias a João Pessoa.

Pois é, Vargas já chegou a dizer que imaginava que o voo fosse uma carona. Aí inventou que teria arcado com o valor do combustível, 20 mil. Nesta quarta, sem saída, admitiu que não pagou um tostão. A empresa que alugou o jatinho informa que o presentinho do doleiro para o deputado petista custou 100 mil reais.

Em uma das gravações feitas pela polícia federal, Vargas se mostra grato a Yousseff com palavras ternas: “é coisa de irmão”. Nem diga, coisa de irmão rico. O discurso foi patético, o petista admitiu conhecer Yousseff há mais de 20 anos. Mas, ora vejam, assegurou ficar sabendo de suas atividades ilícitas pela mídia. Que mimo.

O doleiro foi um dos protagonistas do chamado escândalo do banestado, que apurou remessa ilegal de divisas para o exterior de 30 bilhões de dólares. À época fez delação premiada, pagou um milhão de reais de multa e não foi processado. E voltou às atividades de sempre.

Na investigação de agora, apelidada pela PF muito apropriadamente de Lava Jato, Yousseff é acusado de envolvimento com o esquema que movimentou 10 bilhões de reais. Para a polícia, Vargas e o doleiro mantém uma sociedade.

O deputado foi flagrado ainda fazendo lobby em favor da Labogen, um laboratório que tem capital social de 28 mil reais, e que havia fechado um contrato de 150 milhões com o Ministério da Saúde para fornecimento de remédios. Como a empresa não tem nem planta industrial, a encomenda seria feita a um outro laboratório por 60 milhões. E nada menos de 90 milhões de reais seriam embolsados.

Nesta quarta, Vargas disse que estava apenas marcando um contato de Yousseff com o ministro da Saúde, entendo. Ocorre que a Labogen oficialmente nem pertencia ao doleiro, o seu amigo, só se a empresa enviou ilegalmente ao exterior 37 milhões de dólares. O contrato foi assinado pelo ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo.

Os deputados ouviram, entre perplexos e incrédulos, as explicações Vargas. Uns poucos o aplaudiram de modo desenxabido. O petista tem falado até em renúncia. Pois é, se o fizesse ele certamente somaria um pouco de qualidade à vida pública brasileira. Vargas, insisto, não é um peixinho pequeno do PT não. Já foi secretário de comunicação do partido, é um dos principais incentivadores dos chamados “blog sujos”, aquelas páginas alimentadas com dinheiro público para atacar a oposição, setores do judiciário e imprensa independente, e foi um dos principais articuladores da queda de Helena Chagas, ex-secretária de Comunicação Social.

È um crítico tão fanático de Joaquim Barbosa como defensor fanático dos mensaleiros. Além de ser obcecado pelo “chamado controle da mídia”, um nome simpático para censura. Assim, também é um dos expoentes da turma do “volta Lula”. Tudo patético.

 

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